Guerra pelo poder no União Brasil tem incêndio, troca de acusações e pedido de cassação

Rueda foi eleito para suceder Bivar na presidência do União, e acusa adversário de ter incendiado casas de sua família no litoral de Pernambuco. Bivar nega, e acusa esposa de Rueda de roubar seu cofre

 

Em meio à guerra instalada no União Brasil pelo comando da legenda, o presidente eleito Antônio Rueda e o atual ocupante do cargo, deputado Luciano Bivar, voltaram a trocar acusações públicas nesta terça-feira (12). A briga ganhou força após um incêndio destruir duas casas da família Rueda em Ipojuca, no Litoral Sul de Pernambuco, na noite de segunda (11). Desde sua criação, em 2021, a sigla, criada pela fusão entre o Democratas e o PSL, acumula um histórico de amizades desfeitas, acusações e brigas que chegaram a parar na Justiça.

Antes de se tornarem adversários, os pernambucanos chegaram a dividir a direção do Sport Recife, time de futebol local. O momento determinante para o afastamento foi uma reunião do partido, em agosto de 2023, na qual Bivar teria xingado o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, aos gritos. Aliado de Rueda, o dirigente era presidente do DEM antes da fusão e contrário à aproximação do partido ao governo Lula.

Antes disso, Rueda já havia iniciado a articulação com caciques da sigla que estavam insatisfeitos com as decisões do parlamentar à frente do União e se uniram para antecipar a troca no comando do partido. Na véspera da convenção para escolher o novo presidente da agremiação, Bivar convocou jornalistas para uma coletiva de imprensa, ampliando o clima de tensão. Na ocasião, ele chamou Rueda de “covarde” e disse ter “graves denúncias” sobre o correligionário, mas não apresentou nenhuma prova.

Incêndio

Na tarde desta terça-feira, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e a defesa de Rueda disseram que há indícios de que o fogo tenha sido provocado – e com motivação política. Do outro lado da disputa, Luciano Bivar nega. “Foi um crime político e um atentado contra o União Brasil”, acusou Caiado. “Foi um ato inaceitável e que não ficará impune”, complementou.

“Ele [Rueda] está atemorizado, ele tá realmente aterrorizado com o contexto de escalada de violência política que se faz. Isso se inicia com ameaças que se repetem e agora, ao que se sugere, eu não posso afirmar categoricamente, mas há esses dois incêndios ontem que escalam, e escalam gravemente, essa crise que instalou”, afirmou o advogado Paulo Cattapreta em entrevista.

Quase ao mesmo tempo, na saída de um evento no Palácio do Planalto, Bivar negou relação com o fogo nas casas do rival político. “Tudo é ilação. Tudo é ilação, é mais um factoide, tá certo? […] São ilações. Por exemplo, a mulher do presidente [Rueda] foi no meu apartamento e roubou meu cofre. Essas coisas também. Foi ao meu apartamento, eu cedi confiantemente um segredo e ela roubou todo o dinheiro. Eu tinha um valor significativo”, afirmou Bivar, antes de seguir para uma outra entrevista sobre o mesmo tema.

Antes mesmo do incêndio e do agravamento da crise entre os dirigentes, Antônio Rueda já tinha acionado o Judiciário para pedir que Luciano Bivar fosse investigado pelo crime de ameaça. Rueda registrou o caso na Delegacia Especial de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil do DF – e, como Bivar tem foro privilegiado por ser deputado, o tema será analisado pelo Supremo Tribunal Federal.

O caso chegou ao STF no último dia 5 e o relator, ministro Nunes Marques, ainda não decidiu se autoriza a investigação. Na representação, Rueda acusa Bivar de ameaçar de morte ele e um familiar. Um vídeo, juntado ao processo e mantido em sigilo, teria registrado a voz de Luciano Bivar fazendo as ameaças.

Já nesta tarde, Rueda disse que vai acionar o STF para que Bivar seja investigado também pelo incêndio nas casas dele e da irmã em Pernambuco. Segundo ele, o partido fará uma representação junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que o caso seja investigado e pedirá a cassação do mandato de Bivar. A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), também manifestou nesta ter-feira e disse que “toda a polícia está dedicada em esclarecer o caso”.

(Foto: Reprodução/Renato Araujo/Câmara dos Deputados)

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