Greves gerais atingem o coração da Europa

Henrique Acker (Lisboa) – Por razões diferentes, o eixo Paris-Berlim está sendo sacodido por grandes conflitos. Na França segue a mobilização de rua contra a reforma da Previdência, que aumenta de 62 para 64 anos a idade mínima para a aposentadoria. Na Alemanha os trabalhadores pedem reajustes salariais para repor as perdas da inflação galopante que assola o país.

Os trabalhadores alemães aderiram em massa à maior greve geral dos últimos trinta anos, apelidada de “megagreve”. Dois dos mais importantes sindicatos da Alemanha, que juntos somam mais de dois milhões de membros – o Sindicato dos Ferroviários (EVG) e o sindicato do setor público alemão (Verdi) – convocaram a paralisação conjunta na segunda-feira, 27 de março.

Os sindicatos ligados ao Verdi querem reajustes mínimos de 10,5% e pelo menos 500 euros a mais de salário por mês. O EVG pede aumentos salariais de 12% ao longo de um período de um ano, e pelo menos 650 euros como “componente social”.

O transporte de cargas, tanto na rede mantida quanto nos portos, foi atingido. Os estivadores se juntaram aos grevistas. Ônibus e aeronaves também foram afetados.

Para se ter uma idéia, o IPC harmonizado para a Alemanha, calculado de acordo com os critérios da União Européia, aumentou em fevereiro 9,3% em comparação com o mesmo mês de 2022 e 1,0% na comparação com o mês anterior. O que mais afeta a população são os preços dos alimentos (21,8% a mais em fevereiro) e da energia doméstica (gás, eletricidade e aquecimento urbano), 19,1% a mais, se comparado ao mesmo mês de 2022.

Na França, mesmo depois da decretação da medida que aumenta de 62 para 64 anos a idade mínima para a aposentadoria, as centrais sindicais e organizações populares convocaram nova greve geral para esta terça-feira, 28 de março. É a décima jornada de mobilização, que sacode o país há mais de dois meses. Cresce a adesão da juventude às manifestações de rua, o que cria um ambiente de maior radicalização da luta.

Emannuel Macron se diz disposto a dialogar com os sindicatos e centrais sindicais, mas afirma que não recuará da lei previdenciária. Entidades de direitos humanos criticam o atropelo legal para a aprovação da medida – sem passar pelo Parlamento – e a violência policial no enfrentamento dos protestos. (Foto François Sheidhan – Reuters)

 

Por Henrique Acker (Correspondente Internacional)

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