Henrique Acker (Correspondente na Europa) – O partido de direita Nova Democracia alcançou cerca de 40% dos votos e saiu vencedor da eleição de 21 de maio, na Grécia.
No entanto, o atual primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis (foto abaixo) não se deu por satisfeito e já se declarou pela realização de novas eleições, no final de junho ou início de julho.
Para que seu partido alcance maioria absoluta no parlamento será preciso atingir 45% dos votos.
Na Turquia o segundo turno da eleição acontece no próximo final de semana, com o favoritismo do ultranacionalista islâmico Recep Erdogan, atual Presidente, que obteve o apoio do partido da extrema-direita.
As duas eleições consolidam a tendência de vitórias político-eleitorais conservadoras na Europa.
Ataques às liberdades na Grécia
A esquerda grega, dividida entre o Sryza, o Partido Comunista e agremiações menores, alcançou cerca de 30% dos votos.
Por sua vez, o Pasok, tradicional partido de centro-esquerda, ficou na terceira colocação, com 11,6%.
Apesar de não ser o fiel da balança, o partido de extrema-direita alcançou 4,5%.
Desde o acidente de trem no vale de Tempe, Grécia central, que provocou 57 mortos e mais de 80 feridos, em 28 de fevereiro passado, a cena política grega está em ebulição.
De acordo com relatórios de diversas organizações internacionais, os quatro anos do governo conservador, após o regresso da ND ao poder em 2019, foram assinalados por diversos recuos das liberdades fundamentais.
Escândalos envolvendo escutas telefónicas, ataques contra a liberdade de imprensa, coação a artistas e a estudantes, violenta repressão de manifestações, endurecimento das políticas migratórias e um rígido bloqueio dos exilados vindos da Turquia, são alguns dos fatos apontados.
Recentemente chegaram às redes sociais imagens de policiais reconduzindo imigrantes que aportaram numa ilha grega ao próprio barco. Entre os viajantes clandestinos estavam menores de idade.
Extrema-direita com Erdogan
No caso da Turquia, o terceiro colocado no primeiro turno, Sinan Ogan, do partido de extrema-direita, já anunciou seu apoio a Erdogan. Ele condicionou seu endosso a políticas rígidas em relação aos refugiados e a alguns grupos curdos que ele considera terroristas.
A consequência disso certamente será uma política ainda mais dura de Erdogan com imigrantes e kurdos, cujo partido (PKK) já é tratado como uma organização divisionista e terrorista pelo atual governo.
Imagem principal, outdoors mostram o presidente e candidato a reeleição Recep Tayyip Erdogan e o oposicionista Kemal Kilicdaroglu (Foto: Ozan Kose/AFP)
Por Henrique Acker (correspondente internacional)