Os corpos de todos que viajavam a bordo do jato acidentado foram recuperados do local; morte ocorre dois meses após motim contra liderança militar no Kremlin
O fundador do grupo mercenário Wagner, Yevgeny Prigojin, que organizou um breve motim contra a liderança militar da Rússia em junho, estava entre os passageiros do avião que caiu nesta quarta-feira (23) na região russa de Tver, ao norte de Moscou, segundo autoridades da Agência Federal de Transporte Aéreo da Rússia. Todos as pessoas a bordo morreram e as buscas pelos corpos já foram concluídas, segundo autoridades dos Serviços de Emergência da Rússia. “Foi iniciada uma investigação sobre a queda do avião da Embraer que ocorreu na região de Tver (…). De acordo com a lista de passageiros, o nome e o sobrenome de Yevgeny Prigojin estavam nesta lista”, afirmou a agência.
Os outros seis passageiros do jato particular eram Sergey Propustin, Yevgeny Makaryan, Alexander Totmin, Valery Chekalov e Nikolay Matyuseyev e Dmitry Utkin — este último, comandante e cofundador do Wagner. Também estavam a bordo da aeronave três membros da tripulação: Aleksei Levshin, comandante; Rustam Karimov, copiloto; e Kristina Raspopova, comissária de bordo. Horas após a queda da aeronave, um canal do Telegram ligado a Prigojin afirmou que o líder do Wagner havia sido morto “como resultado de ações de traidores da Rússia”, escreveu o Gray Zone.
Não houve comentários do Kremlin ou do Ministério da Defesa até o momento. O jato particular Embraer Legacy, de fabricação brasileira, saiu do aeroporto Sheremetyevo, em Moscou, por volta das 18h, horário local (às 12h no horário de Brasília), com destino a São Petersburgo, e caiu a menos de 160 quilômetros a noroeste, perto da vila de Kujenkino, região de Tver, noroeste do país.
Durante anos, Prigojin fez trabalho clandestino para o Kremlin, enviando mercenários de seu grupo privado para conflitos em zonas de interesse russo no Oriente Médio e na África, sempre negando qualquer envolvimento. Recentemente, combatentes do grupo foram vistos no Mali e na República Centro-Africana e receberam apoio no Níger, que sofreu um golpe de Estado por militares pró-Moscou no mês passado.
O Grupo Wagner, exército privado de mercenários que luta a favor da Rússia na atual guerra com a Ucrânia, foi fundado em 2014. Inicialmente, era formado por ex-soldados de elite altamente qualificados cujo líder é o oligarca Yevgeny Prigojin, ligado ao Kremlin. Em junho, no entanto, após vários alertas de que o Exército russo não estaria fornecendo armas suficientes para seus mercenários, Progojin liderou uma rebelião contra o Kremlin. Segundo o líder paramilitar, o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, havia ordenado o bombardeio contra posições do grupo na Ucrânia.
(Foto: AFP)