Governo Lula cogita expulsar embaixador de Israel do Brasil

Daniel Zonshine representa o presidente de Israel, Benjamin Netanyahu, no Brasil. Itamaraty classifica expulsão dele como medida “drástica e indesejável”

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seus principais assessores internacionais cogitam expulsar o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, indicando que sua presença pode se tornar “insustentável”. A decisão ocorreria em meio à crise diplomática entre os dois países, causada por uma fala de Lula, que comparou a conduta israelense na guerra contra o Hamas com as ações de Adolf Hitler contra os judeus. Diante disso, Israel declarou o presidente brasileiro como “persona non grata”.

O destino dessa relação bilateral é visto como dependente das próximas ações do diplomata. No final de 2023, Zonshine se encontrou com Jair Bolsonaro (PL), o que já havia causado desconforto tanto no Itamaraty quanto no Palácio do Planalto. Agora, fala-se na presença de Zonshine na manifestação convocada por Bolsonaro para 25 de fevereiro em São Paulo. Este ato é interpretado como uma tentativa de Bolsonaro de demonstrar poder em meio a investigações sobre uma tentativa de golpe de Estado.

A ideia de expulsar o embaixador de Israel no Brasil foi publicada pela colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo. De acordo com a jornalista, a medida é vista pelo Itamaraty como “drástica e indesejável”. Essa possibilidade foi discutida na segunda-feira (19), entre o presidente Lula e seu assessor especial de Assuntos Internacionais, Celso Amorim. Embora não fosse tomada como atitude formal das Relações Exteriores, a expulsão foi sugerida a Daniel Zonshine durante uma reunião entre ele e o chaceler Mauro Vieira, ocorrida na segunda, de acordo com fontes do Itamaraty. No encontro, ocorrido a portas fechadas, Vieira afirmou não interessar ao Brasil uma escalada da crise.

O chanceler pondera, no entanto, que os movimentos do governo israelense — como declarar o presidente Lula persona non grata em Israel e de submeter a constrangimento o embaixador brasileiro, Frederico Meyer — eram “inaceitáveis”.  Ainda de acordo com a colunista, fontes do Itamaraty dizem que o significado de uma possível expulsão do embaixador israelense Sunshine no Brasil significaria que a relação entre os dois países chegou a um “limite”, como se tivesse sido traçado uma linha que não deve ser cruzada.

O governo de Israel provocou nesta terça-feira (20), nas redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao chamá-lo de “negacionista do Holocausto”. A mensagem feita por um perfil oficial de Israel no X respondeu uma outra publicação sobre o Brasil. A postagem ocorre após o chanceler Israel Katz voltar a cobrar, na terça-feira (20/2), uma desculpa do presidente brasileiro pela comparação entre a ação de Israel na Faixa de Gaza à Alemanha nazista. A conta do governo compartilhou uma outra publicação, em inglês, que dizia: “o que vem na sua mente quando você pensa no Brasil?”, com uma imagem da bandeira brasileira. O perfil do governo de Israel comentou: “Antes ou depois de o presidente Lula se tornar um negacionista do Holocausto?”

(Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles)

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