Governo corre o risco de não ter aprovados marcos Fiscal e Tributário

Articulação nos bastidores de lideranças do Centrão aponta para a possibilidade de não serem votados, essa semana, o projeto de lei do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf) e as alterações feitas pelos senadores no marco fiscal.

A pressão contra a votação se origina na insatisfação no relacionamento com o Palácio do Planalto, em especial com a Secretaria de Relações Institucionais (SRI).

Deputados afirmam que, apesar do pagamento, via seis ministérios, de mais de R$ 467 milhões em recursos aos parlamentares, de sexta-feira passada (30) até esta terça-feira (4), há uma relação desgastada com a SRI.

Ou seja, a cabeça do ministro Alexandre Padilha continua evidenciada.

É ele quem cuida  da Secretaria de Relações Institucionais, e vem sendo fustigado por aliados de Arthur Lira, presidente da Câmara Federal, que sonham em ter em seu lugar politico ligado ao Centrão.

Diante desse cenário, os marcos Fiscal e Tributário correm riscos de não serem aprovados.

 

Regime de urgência

Após dois dias de tentativa, a Câmara dos Deputados retoma nesta quarta-feira (5) o esforço concentrado para apreciar itens estratégicos do campo econômico em plenário.

O projeto de lei que retoma o voto de qualidade do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf), previsto para votação no dia anterior, segue trancando a pauta, impedindo a apreciação dos demais projetos.

A proposta referente ao Carf tramita em regime de urgência, ganhando prioridade na pauta, impedindo a votação de outros projetos de lei ordinária ou complementar.

Sua apreciação estava prevista para acontecer no dia anterior, mas uma série de desentendimentos sobre detalhes do texto obrigaram o relator Beto Pereira (PSDB-MS) a adiar a entrega do relatório.

Sem a aprovação ou rejeição do voto de qualidade do Carf, a Câmara fica impedida de apreciar um outro projeto, também de autoria do governo: o novo arcabouço fiscal, que circula na forma de lei complementar. Este se encontra em sua fase final de tramitação, já tendo sido aprovado antes na Câmara e no Senado. Nesta quarta, o relator Claudio Cajado (PP-BA) busca decidir junto aos líderes partidários sobre a manutenção ou não das mudanças feitas pelo Senado.

A principal pendência na discussão dessas mudanças diz respeito ao fundo constitucional do Distrito Federal.

O recurso distribuído ao DF para arcar com os serviços prestados aos representantes dos três poderes e de autoridades diplomáticas foi excluído do limite estabelecido pelo arcabouço em seu texto original, mas o relator fez sua inclusão.

 

Agradar aos prefeitos

O Senado retomou a exclusão, e a bancada brasiliense na Câmara agora busca preservar a alteração.

O único item regimentalmente apto a furar a pauta é a reforma tributária, que tramita na forma de PEC.

Restam, porém, ajustes a serem feitos pelo relator Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) para garantir os votos necessários.

Representantes das capitais e governadores temem a perda de autonomia no modelo proposto, que cria um Conselho Federativo encarregado de fazer a distribuição dos impostos arrecadados.

A solução mais forte na mesa para agradar aos prefeitos foi a levantada pelo governador paulista Tarcísio de Freitas, que sugeriu atribuir aos estados a função de distribuição dos seus próprios recursos e da parcela atribuída aos municípios. Ele se reuniu em Brasília na noite de terça-feira, juntamente com o governador do ES, Renato Casagrande, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para apresentar sua proposta ao relator.

Além da questão de autonomia, Aguinaldo ainda sofre pressão para fazer ajustes nas normas de transição do atual sistema tributário para o novo imposto único sobre o consumo, bem como definir com clareza as normas de distribuição do Fundo de Desenvolvimento Regional.

Apesar da demora para o início das votações, a semana de esforço concentrado terá um calendário excepcional, havendo convocação para o plenário em todos os dias úteis, e não apenas a tradicional agenda de três dias. Arthur Lira também deu efeito administrativo às sessões, tornando obrigatória a presença dos parlamentares. (Foto: Agência Câmara)

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