Governo brasileiro nega ação hacker contra governo do Paraguai

Nesta segunda-feira (31), o Ministério das Relações Exteriores refutou a alegação de que a administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria realizado uma ação hacker contra o governo paraguaio. De acordo com o Itamaraty, não nenhuma estratégia de inteligência implementada contra a nação vizinha.

Em comunicado, a administração destacou a importância de manter “um compromisso com o respeito e um diálogo claro, considerados essenciais para as relações diplomáticas com o Paraguai e com todos os seus aliados, tanto na região quanto no cenário global”.

A reação do governo do Brasil se deu em resposta a uma reportagem do site UOL, que revelou que uma operação destinada a invadir sistemas de computadores no Paraguai foi iniciada no final da administração de Jair Bolsonaro (PL) e prosseguiu sob o governo petista, com a participação de Luiz Fernando Corrêa, que atualmente ocupa o cargo de diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

A administração atual argumentou que a operação mencionada recebeu autorização em junho de 2022, mas foi posteriormente cancelada pelo diretor interino da Abin em 27 de março de 2023. Isso ocorreu no início do terceiro mandato de Lula, quando a gestão vigente teria se informado sobre o ocorrido. Nesse período, o atual diretor-geral da Abin estava passando pelo processo de aprovação de sua nomeação no Senado Federal.

O Ministério das Relações Exteriores afirma de maneira firme que o governo do presidente Lula não tem relação alguma com ações de espionagem, como foi mencionado hoje, em relação ao Paraguai, um país irmão do Mercosul, com o qual o Brasil possui laços históricos e uma colaboração próxima..

PF colhe depoimentos

A CNN revelou que a Polícia Federal (PF) está conduzindo investigações relacionadas ao inquérito da Abin paralela“, no qual relatos de funcionários da agência evidenciam uma operação de hackers envolvendo o Paraguai.

Um colaborador do serviço de inteligência brasileiro reportou essa utilização em um testemunho à Polícia Federal em novembro do ano anterior. A PF também obteve a mesma informação de outro funcionário da agência e está apurando se a liderança atual autorizou a operação.

De acordo com os testemunhos, o software Cobalt Strike foi empregado para realizar a invasão de sistemas de informática visando o governo paraguaio.

O recurso é utilizado para invadir sistemas de computador e, segundo informações, foi empregado para acessar informações sobre as negociações entre os dois países referentes à Usina Hidrelétrica de Itaipu, incluindo os preços acordados para a comercialização da energia gerada pela empresa binacional.

De acordo com os funcionários, os ataques não tiveram origem no Brasil. A operação foi realizada a partir do Chile e do Panamá, depois que foram criados perfis falsos nessas regiões.

Um membro da alta administração da PF informou à CNN que é importante verificar se o diretor atual da Abin estava ciente e aproveu a ação.

A agência ainda não fez nenhuma declaração sobre a situação.

 

Nota do Itamaraty

O governo do Presidente Lula desmente categoricamente qualquer envolvimento em ação de inteligência, noticiada hoje, contra o Paraguai, país membro do Mercosul com o qual o Brasil mantém relações históricas e uma estreita parceria. A citada operação foi autorizada pelo governo anterior, em junho de 2022, e tornada sem efeito pelo diretor interino da ABIN em 27 de março de 2023, tão logo a atual gestão tomou conhecimento do fato.

O atual diretor-geral da ABIN encontrava-se, naquele momento, em processo de aprovação de seu nome no Senado Federal, e somente assumiu o cargo em 29 de maio de 2023.

O governo do Presidente Lula reitera seu compromisso com o respeito e o diálogo transparente como elementos fundamentais nas relações diplomáticas com o Paraguai e com todos seus parceiros na região e no mundo.  (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

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