Governo Bolsonaro desmatou área equivalente a 144% do estado do Rio

Dados consolidados apontam que o Brasil contabilizou 6,6 milhões de hectares desmatados ao longo de todo o governo Bolsonaro, entre 2019 e o ano passado, o equivalente a uma área de 1,4 vez o tamanho do estado do Rio de Janeiro.

Na madrugada desta segunda-feira, 12, saiu o tão esperado relatório da MapBiomas,  com os dados do ano de 2022, sobre o desmatamento no país.

A MapBiomas é uma plataforma reconhecida em todo o mundo que reúne ONGs, empresas e universidades e monitora o desmatamento no Brasil.

Dados consolidados apontam que o Brasil contabilizou 6,6 milhões de hectares desmatados ao longo de todo o governo Bolsonaro, entre 2019 e o ano passado, o equivalente a uma área de 1,4 vez o tamanho do estado do Rio de Janeiro.

 

Detalhes do relatório

O desmatamento cresceu em cinco dos seis biomas brasileiros em 2022, na comparação com 2021, com exceção apenas da Mata Atlântica. Amazônia, Cerrado, Pantanal, Pampa e Caatinga tiveram altas.

Os maiores aumentos ocorreram nos biomas Amazônia e Cerrado, que juntos responderam por 90% da área desmatada no país em 2022.

Dos 5.5570 municípios brasileiros, 62% tiveram alertas de desmatamento no ano passado, mas apenas 50 deles responderam por 52% da mata total destruída no Brasil.

Segundo o MapBiomas, o município de Lábrea, no Amazonas, com 62.419 hectares desmatados, superou a área desmatada do município de Altamira no Pará, campeão de área desmatada nos últimos três relatórios.

 

Líder em desmatamento

Assim como em anos passados, o estado do Pará liderou o ranking de 2022, com 22,2% da área desmatada do país, seguido pelo Amazonas, com 13,3%.

É no sul do Pará que se concentra o maior desmatamento causado pelo garimpo.

Entretanto, apesar dos grandes danos, esse tipo de mineração respondeu por apenas 0,3% do total de supressão de vegetação nativa em 2022 no país.

Segundo o relatório, a agropecuária lidera e respondeu por 95,7% do total desmatado no Brasil em 2022, consolidando-se como setor que mais destrói o meio ambiente.

 

A proteção indígena

Um dado que reforça a necessidade de proteção das terras indígenas (TIs) é que, na contramão do resto do país, o desmatamento caiu dentro delas ao longo dos anos.

Em 2022, as TIs responderam por apenas 1,5% do total de área desmatada do país; em 2019, esse percentual era de 3,3% do total. Por outro lado, 8,9% da área desmatada em 2022 aconteceu dentro de alguma Unidade de Conservação no Brasil, o que é proibido.

 

Fiscalização necessária  

O relatório também chama a atenção para a necessidade de maior fiscalização: em 2022, mais de 99% da área desmatada no Brasil tiveram pelo menos um indício de irregularidade. Pelas leis brasileiras, é obrigatório ter autorização para desmatamento legal no Brasil.

O documento aponta ainda que as ações de autuação e embargo realizadas pelo Ibama e ICMBio até maio de 2023 atingiram apenas 10,2% da área desmatada identificada entre 2019 a 2022.

 

“Ao cruzar os dados de desmatamento autorizados, que respeitam a Reserva Legal, Áreas de Proteção Permanente, nascentes e sem sobreposições com áreas protegidas, observa-se que apenas 0,7% da área atende aos critérios estabelecidos pelos especialistas para indícios de legalidade”, revela relatório da MapBiomas. (Foto: Greenpeace)

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