Nova lista do Ministério da Fazenda possui 93 empresas com 205 casas de apostas autorizadas a operar no País. Cinco times do Brasileirão devem ter patrocinadores banidos
O Ministério da Fazenda divulgou na manhã desta quinta-feira (3) uma lista atualizada de bets após erro no sistema fazer com que três indicações realizadas dentro do prazo não serem incluídas na primeira versão, informou a equipe do ministro Fernando Haddad (PT) em nota. Mesmo com a nova lista, o mercado de apostas esportivas foi surpreendido ao deixar de fora algumas das principais patrocinadoras de clubes da Série A do Campeonato Brasileiro, como a Esportes da Sorte e a Stake.
Ambas possuem contratos milionários com cinco grandes times de futebol, como Corinthians, Bahia, Athletico-PR, Grêmio e Juventude, que agora podem ser impactados pela ausência de suas parceiras financeiras na relação oficial. A Esportes da Sorte, que patrocina quatro clubes da Série A, incluindo o Corinthians, é a principal patrocinadora máster de alguns desses times e firmou contratos de longo prazo. Seu acordo com o Corinthians, por exemplo, é de três anos, no valor de R$ 309 milhões.
Já a Stake, parceira do Juventude, também se encontra fora da lista e corre risco de ter seu contrato interrompido caso não regularize sua situação até o dia 11 de outubro. Segundo o Ministério da Fazenda, a primeira lista tinha um total de 192 marcas operadas por 89 empresas de apostas esportivas, já a nova lista possui 93 empresas com 205 casas de apostas. Já as listas dos Estados têm 18 empresas.
“A relação de empresas e marcas que operam com autorizações estaduais foi atualizada após o recebimento de comunicação oficial de outros estados (Rio de Janeiro e Minas Gerais). A Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda (SPA-MF) notificou os 26 Estados e o Distrito Federal solicitando que enviassem as listas de empresas autorizadas em âmbito estadual”, diz a pasta.
As empresas não incluídas, como a Esportes da Sorte e a Stake, devem ter suas atividades suspensas a partir do dia 11, o que preocupa os clubes, que contam com essas receitas para honrar compromissos financeiros. Diante da exclusão, as empresas afetadas afirmaram ter cumprido todas as exigências e buscaram esclarecimentos junto ao governo.
A Esportes da Sorte declarou que “entregou toda a documentação correspondente dentro dos prazos estabelecidos” e está em contato com as autoridades para resolver a situação. Da mesma forma, outras casas de apostas, como a Reals, que patrocina Coritiba e Amazonas, e a BPX Bets Sports Group, responsável pelas marcas ObaBet e BetPix365, também solicitaram retificação ao Ministério da Fazenda.
Enquanto isso, o impacto da exclusão dessas empresas já gera apreensão entre os clubes. Grêmio, Athletico-PR, Bahia e Corinthians se reuniram com a Esportes da Sorte em busca de esclarecimentos. O Grêmio, em nota oficial, informou que o contrato segue sendo cumprido por ambas as partes e que ajustes estão sendo feitos para adequação à nova legislação.
A exclusão das principais patrocinadoras afeta diretamente a principal fonte de patrocínio do futebol brasileiro. Na elite do futebol nacional, 15 dos 20 clubes da Série A têm acordos com empresas de apostas, totalizando valores que ultrapassam os R$ 500 milhões, muitos com validade até 2025 ou 2026. Caso a regularização dessas empresas não ocorra, os clubes terão que remover as logomarcas das bets de seus uniformes e outros materiais publicitários, gerando um grande prejuízo financeiro.
Além disso, o governo tem monitorado de perto o setor de apostas. Na quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com ministros das pastas da Fazenda, Saúde, Esporte, Casa Civil e Desenvolvimento Social para discutir medidas em torno das apostas esportivas, após um relatório do Banco Central revelar que beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em apostas via Pix.
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