Governistas repercutem operação contra Bolsonaro: “Questão de tempo. O cerco está se fechando”

A operação da Polícia Federal (PF) na manhã nesta quarta-feira (3), em Brasília, na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro e a prisão do ex-ajudante de ordens dele, o tenente-coronel Mauro Cid, repercutiu nas redes sociais e ministros e parlamentares governistas se posicionaram sobre o episódio

 

Parlamentares governistas reagiram à operação da Polícia Federal (PF), na manhã nesta quarta-feira (3), em Brasília, que fez buscas na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro e prendeu o ex-ajudante de ordens dele, tenente-coronel Mauro Cid. Bolsonaro é investigado junto a um grupo suspeito de falsificar dados de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde, com o objetivo de conseguir viajar ao exterior.

O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, questionou nas redes sociais se a falsificação de documentos pessoais para entrar em território estrangeiro parecia “filme de criminoso” e afirmou “não, o ex-presidente da República! Bolsonaro precisa pagar pelos seus crimes!”

O ministro ainda questionou sobre a repercussão do caso nos Estados Unidos. “Como será que os Estados Unidos vão receber a notícia de que o ex-presidente da República fraudou documentos para desrespeitar as leis americanas? Haja trabalho para recuperar o estrago diplomático que Bolsonaro deixou.”

A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), lembrou o histórico catastrófico de Bolsonaro durante a pandemia e se surpreendida com mais esta descoberta. “Bolsonaro prevaricou na pandemia, vendeu remédio ineficaz, infringiu medidas sanitárias, cometeu crime de responsabilidade e contra a humanidade. E quando a gente pensa que já viu de tudo sobre o genocida, descobre mais. Que homem é esse que falsifica o cartão de vacinação da própria filha?!”, escreveu a petista, denominando, em seguida, os crimes do ex-presidente.

“Tem de tudo na ficha corrida de Bolsonaro, de peculato à prevaricação, passando por negligência, charlatanismo, epidemia qualificada, usurpação de função pública, corrupção, uso da máquina pública, atentado contra a democracia e apropriação de bem público. Agora mais um, corrupção de menores. Tá mais do que na hora de Jair pagando pelos crimes”, completou.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, avaliou que “qualquer ação criminosa que visa atacar o Plano Nacional de Imunização deve ser apurada e punida pela Justiça brasileira”. “Tudo isso aconteceu durante a pandemia, enquanto o Brasil enfrentava a maior crise sanitária da sua história. Qualquer ação criminosa que visa atacar o Plano Nacional de Imunização deve ser apurada e punida pela Justiça brasileira.”

No Senado, o petista Beto Faro (PA) se referiu ao caso como o início de muitas descobertas que estão por vir. “É questão de tempo para o golpista responder por seus atos que em tese são: infração de medida sanitária preventiva, inserção de dados falso de informação. Mas sabemos que daí vão surgir muitos mais!”, declarou.

Já na Câmara dos Deputados, o assunto movimentou grande parte da bancada governista. O deputado André Janones (Avante) alegou que “os fatos investigados configuram em tese os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores”.  A deputada Duda Salabert (PDT), disse que aguardará os desdobramentos, mas pontuou que “onde há fumaça, há fogo”.

O deputado Guilherme Boulos (PSOL), comentou o caso e afirmou por meio de suas redes sociais que “o Brasil era governado por um grupo de gângsters estilo Hollywood”. Mais tarde, repetiu o discurso da maioria dos seus colegas de que “é questão de tempo para o golpista responder por seus crimes na cadeia!”

A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) comentou sobre a reação da base governista no Congresso assim que a PF bateu na porta do ex-presidente em Brasília. “Sua base no Congresso ficou desnorteada. Propuseram uma moção de repúdio ao presidente Lula sabe-se lá por qual motivo, foi votada a retirada de pauta e eles não souberam o que fazer”, explicou.

Depois, ela falou sobre a postura de Bolsonaro em relação a sua filha. “O patife preferiu adulterar a carteira de vacinação da própria filha, de apenas 12 anos, ao invés de imunizá-la contra uma doença que matou mais de 700 mil brasileiros. É essa gente que se diz ‘defensora da família’. Genocida! Tem que responder por cada um dos crimes!”

“O cerco vai se fechando. Tic-Tac”, escreveu o deputado Orlando Silva (PCdoB) em suas redes sociais. O deputado ainda fez ironias pelo celular do ex-presidente que foi apreendido: “Pessoal, alguém tem um celular para emprestar aí? Tem gente precisando”, escreveu em outra postagem. “Não sei o motivo, mas estou com essa música na cabeça. Batidas na porta da frente… É o tempo”, acrescentou.

O termo “Tic Tac” foi um dos termos mais citados no Brasil pelo Twitter no fim da manhã desta quarta-feira, se referindo a avaliação de que a hora do ex-presidente pagar pelos crimes que cometeu está chegando. A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também utilizou a expressão e fez questão de listar todos os nomes acusados pela Operação Venire de terem forjado a vacinação. “Teriam sido forjados os certificados de vacinação de Jair Bolsonaro; da filha dele Laura Bolsonaro; de Mauro Cid Barbosa, sua mulher e filha; além do deputado federal Guttemberg Reis de Oliveira (MDB-RJ). Tic tac tic tac”.

O deputado Zeca Dirceu (PT-PR) escreveu em sua conta no twitter: “O ex vagabundo da República não quer passar a senha do celular dele a PF. Deixem os comentários relembrando o que ele tenta esconder”.

 

Operação Venire

A operação está no âmbito do inquérito das milícias digitais, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro, apesar de não ter sido alvo de mandado de prisão, deve prestar depoimento ainda hoje na sede da PF de Brasília, apesar de ter dito a imprensa que não vai comparecer. Ao todo, seis pessoas atreladas ao governo do ex-presidente foram presas e 17 são alvos de busca e apreensão. Entre os presos está o ex-ajudante de ordem de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, além dos assessores pessoais do ex-presidente Max Guilherme e Sérgio Cordeiro, que trabalhavam no Planalto.

Mauro Cid também está sendo investigado no escândalo das jóias milionárias vindas da Arábia Saudita. Foi ele quem articulou, para Bolsonaro, as tentativas para recuperar os itens de luxo retidos pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos (SP). O celular de Bolsonaro foi apreendido e o ex-presidente teria se recusado a entregar suas senhas à polícia.

De acordo com as investigações da PF, um grupo teria inserido dados falsos de vacinação contra a covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. Segundo a PF, “as inserções falsas, que ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a covid-19 dos beneficiários”.

Assim, os beneficiários puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e usá-los para burlar as restrições sanitárias impostas pelo Brasil e os Estados Unidos no período da pandemia. Entre os certificados de vacinação forjados estariam os de Bolsonaro e da sua filha, Laura, 12 anos. Além deles, os dados de Mauro Cid, sua esposa e filha também teriam sido manipulados. (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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