Golpistas condenados no 8/1 violam tornozeleira e fogem do Brasil

Segundo levantamento, 51 pessoas suspeitas de participar do 8 de Janeiro têm mandados de prisão em aberto ou quebraram tornozeleiras.  Golpistas usaram as fronteiras de Santa Catarina e Rio Grande do Sul para fugir para a Argentina e o Uruguai

 

Levantamento feito com base em registros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), como ordens de prisão e entrevistas com parentes, investigadores, amigos e advogados, aponta que ao menos 51 pessoas suspeitas de participar dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 têm mandados de prisão em aberto ou fugiram do país. Deste grupo, 10 militantes bolsonaristas fugiram para o exterior neste ano pelas fronteiras de Santa Catarina (SC) e Rio Grande do Sul (RS). Os principais destinos deles foram a Argentina e o Uruguai. É o que mostrou reportagem publicada nesta terça-feira (14) pelo Uol.

 

O levantamento aponta:

 

  • Elas fugiram para a Argentina e o Uruguai pelas fronteiras de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
  • Sete deles já foram condenados a mais de dez anos de prisão.
  • Seis são mulheres.
  • A maioria é de estados do Sul (PR e SC) e do Sudeste (SP e MG).
  • Eles têm em média 50 anos.

 

Um dos fugitivos, que se considera um exilado político, faz até campanha em redes sociais para financiar sua permanência no exterior. É o pedreiro Daniel Bressan, que tenta vender produtos e já ofereceu até uma rifa de um Fiat Uno 2015. Segundo o Uol, as polícias civis de Santa Catarina e Rio Grande do Sul disseram que não foram solicitadas a fazer buscas pelos fugitivos. A Polícia Civil do Paraná não se manifestou. Os órgãos de administração penitenciária do PR e de SC, por sua vez, se negaram a informar quantos investigados quebraram tornozeleiras ou fugiram desde o ano passado. E o STF e a Polícia Federal não se manifestaram sobre as buscas. Além disso, não há alertas públicos da Interpol (polícia internacional) pelos fugitivos.

Em geral, as defesas dos investigados e réus negam a participação na depredação dos prédios públicos. Tampouco na tentativa de golpe de Estado. Outros afirmaram que os acusados estavam nos prédios apenas em busca de proteção das bombas lançadas pelos agentes de segurança. Pela legislação, a destruição da tornozeleira e a fuga não aumentam a punição. Mas o fugitivo perde o direito ao regime aberto e volta ao semiaberto ou fechado. Mas facilitar a fuga é crime punível com seis meses a dois anos de detenção.

 

Confira alguns dos fugitivos

  • Ângelo Sotero, músico, 59 anos, de Blumenau (SC). Foi condenado a 15 anos e meio de prisão por tentativa de golpe de Estado e associação criminosa armada no 8 de Janeiro.
  • Gilberto Ackermann, corretor de seguros, 50 anos, de Balneário Camboriú (SC). Ele pegou 16 anos de prisão por participar do 8 de Janeiro invadindo o Palácio do Planalto. Foi condenado por tentar um golpe de Estado e por deterioração do patrimônio tombado, entre outros crimes.
  • Raquel de Souza Lopes, 51 anos, de Joinville (SC). Foi acusada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de destruição de bens.
  • Luiz Fernandes Venâncio, empresário, 50 anos, de São Paulo (SP). Ele é réu em ação penal no STF pelos ataques golpistas do 8 de Janeiro.
  • Flávia Cordeiro Magalhães Soares, empresária, 47 anos. Responde por investigações relacionadas a ataques contra o resultado das eleições de 2022.
  • Alethea Verusca Soares, 49 anos, de São José dos Campos (SP). Foi condenada pelo STF a 17 anos de prisão por tentar um golpe de Estado, deterioração do patrimônio tombado e associação criminosa armada.
  • Rosana Maciel Gomes, 50 anos, de Goiânia (GO). Foi condenada a 14 anos de prisão por tentar um golpe de Estado e dano qualificado, entre outros crimes.
  • Jupira Silvana da Cruz Rodrigues, 58 anos, de Betim (MG). Foi condenada em setembro a 14 anos de prisão por tentar um golpe de Estado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa.
  • Daniel Luciano Bressan, pedreiro e vendedor, 37 anos, de Jussara (PR). Réu em ação penal, ele foi acusado pela PGR de participar dos ataques golpistas do 8 de Janeiro.
  • Fátima Aparecida Pleti, empresária, 61 anos, de Bauru (SP). Foi condenada a 17 anos de prisão por tentar dar um golpe de Estado e tentar abolir o estado democrático de direito.

 

(Foto: Adriano Machado/Reuters)

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