Henrique Acker (correspondente internacional) – Centenas de corpos de palestinos foram encontrados em valas comuns nos pátios dos hospitais Al-Shifa e Al-Nasser, no sul de Gaza. As unidades hospitalares foram ocupadas por tropas israelenses.
Entre os mortos estão crianças, idosos e jovens, alguns encontrados sem roupas, com as mãos atadas e amarrados, o que revela indícios de tortura. A exumação dos corpos só foi possível após a retirada de Gaza das Forças de Defesa de Israel, em 7 de abril.
A informação foi revelada pela Defesa Civil de Gaza, e testemunhada por repórteres e fotógrafos de diversas redes de comunicação.
Sinais de execuções
Segundo a TV Al-Jazeera (Qatar), o chefe do departamento de Defesa Civil no Sul de Khan Younis, confirmou que foram encontradas três valas comuns separadas nas instalações do hospital Al-Nasser. Alguns desses corpos estavam empilhados, dando a entender que tinham “sido efetuadas execuções no terreno”.
A descoberta das valas comuns em Khan Yunis ocorreu depois que a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou mais US$ 13 bilhões em ajuda militar para Israel.
O Hamas alerta que a medida autoriza Israel “a continuar a agressão brutal” contra os palestinos. De acordo com grupo palestino, Washington tem “responsabilidade política, legal e moral pelos crimes de guerra” cometidos por Israel.
Crimes de Guerra
Se confirmadas as denúncias, aumentam as acusações de crimes de guerra perpetrados por Israel. Estes crimes foram tipificados em tratados internacionais, como as Convenções de Genebra, os Protocolos adicionais e o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional.
O objetivo é proteger os civis e impedir o uso de estratégias e meios de guerra que são considerados graves violações dos direitos humanos, puníveis sob o direito internacional e em diversos sistemas legais.
Entre os crimes de guerra mais comuns praticados pelas tropas de Israel em Gaza estão:
. Ataques contra civis, incluindo o bombardeio indiscriminado a escolas e áreas residenciais;
. Ataques contra pessoal médico, hospitais, outras instalações de saúde e ambulâncias;
. Ataques contra jornalistas;
. Uso de armas químicas, biológicas ou nucleares;
. Tortura, tratamento desumano e execuções sumárias de prisioneiros de guerra;
. Ataques deliberados contra igrejas, mesquitas, templos e monumentos.
ONU pede investigação independente
O Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, declarou estar “horrorizado” com a descoberta de centenas de cadáveres nos terrenos do Hospital Nasser, em Khan Yuonis, no sul da Faixa de Gaza.
Turk criticou a destruição de hospitais e apelou a uma investigação “independente, efetiva e transparente” sobre a morte das pessoas nas suas imediações.
“Os hospitais têm uma proteção muito especial ao abrigo do direito internacional humanitário”, disse Turk, sublinhando que a morte de civis, detidos e outras pessoas à margem dos combates “é um crime de guerra”.
Governo Netanyahu desmente
De acordo com a Defesa Civil da Faixa de Gaza, 310 corpos foram encontrados nas valas comuns do hospital Nasser, em Khan Younis. Eles se somam aos cerca de 200 que foram resgatados na área do hospital Al-Shifa.
Questionado a respeito por autoridades estadunidenses, que classificaram as notícias como “preocupantes e perturbadoras”, o governo de Benjamin Netanyahu rejeitou as acusações, classificando-as de “infundadas”.
De acordo com o jornal Haaretz, o governo de Israel alegou que “foram examinados cadáveres enterrados por palestinos na área do Hospital Nasser”, como parte dos esforços para localizar reféns da ofensiva do Hamas, em 7 de outubro. (Fotos: Reprodução)
Por Henrique Acker (correspondente internacional)
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