Franceses derrotam a extrema-direita

Henrique Acker (correspondente internacional)   –   A Nova Frente Popular (NFP) contrariou todas as pesquisas e elegeu a maior bancada para a Assembléia Nacional da França. Venceu no segundo turno e elegeu 182 deputados, contra 168 deputados do partido Juntos, do Presidente Emmanuel Macron, e 143 deputados da extrema-direita, da União Nacional, de Marine Le Pen.

Este resultado só foi possível pela posição da NFP, anunciada logo depois do primeiro turno, de abrir mão de suas candidaturas nos círculos eleitorais em que outros partidos tivessem chance de vencer os candidatos da extrema-direita. Isso forçou o partido de Macron a fazer o mesmo em algumas circunscrições de voto, criando um cordão sanitário para barrar o partido de Marine Le Pen.

Em seu discurso de vitória, Jean Luc Mélanchon, líder do partido França Insubmissa – apontado como de “extrema-esquerda” pela mídia empresarial – disse que “o Presidente Macron tem o poder e o dever de chamar a NFP a governar”. E reafirmou que a NFP vai aplicar seu programa.

 

 

Bancada da Nova Frente Popular (cor vinho, à esquerda)

Bancada do Juntos (Macron – cor amarela, ao centro)

Bancada da União Nacional (extrema-direita – cor marron, à direita)

 

 

O líder do Partido Socialista Francês, Olivier Faure, confirmou que não haverá coligação da esquerda com Macron e também reforçou a disposição de aplicar o programa da NFP. Trata-se de um programa de reformas populares, que propõe a recuperação dos salários e aposentadorias, a retomada de projetos ecologistas, e investimentos na recuperação dos serviços públicos. Confira a íntegra do programa da NFP em anexo(*).

 

Decepção e indefinição

Na extrema-direita a decepção com o resultado era evidente. A Presidente da União Nacional, Marine Le Pen, declarou que a vitória de seu partido “apenas foi adiada”. Já Jordan Bardella, líder do partido assumiu a derrota e caracterizou o resultado do segundo turno como a “aliança da desonra”.

O primeiro-ministro conservador, Gabriel Attal, anunciou que vai apresentar sua renúncia ao Presidente Emmanuel Macron nesta segunda-feira (8/7/24). No entanto, não está claro se Macron vai convocar a liderança da Nova Frente Popular para formar um novo governo.

A tática do macronismo desde o início do primeiro turno foi tentar igualar a esquerda à extrema-direita. Emmanuel Macron chegou a alertar para o risco de uma “guerra civil”, caso um dos “extremos” saísse vitorioso das eleições. O Presidente pediu “cautela” aos franceses e afirmou que o resultado das urnas não define “quem vai governar”. A definição sairá nas próximas semanas.

 

Por Henrique Acker (correspondente internacional)

 

Fontes:

(*) Íntegra do programa da Nova Frente Popular

 

 

 

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