“Foi mediante pagamento”, diz suspeito de participar da morte de Marielle

O ex-policial militar Élcio de Queiroz afirmou que a morte da vereadora pelo Rio de Janeiro, Marielle Franco, ocorreu “mediante pagamento”. No dia do crime, em 14 de março de 2018, o motorista dela, Anderson Gomes, também foi assassinado.

“Foi mediante pagamento, sim”, declarou o ex-PM durante depoimento à Justiça do Rio na última terça-feira (10).

Ao ser questionado novamente se houve pagamento pelo crime, ele reforça que sim. Queiroz alega, no entanto, que não sabia quem era a vítima.

“Eu estou falando, é isso aí, mediante pagamento, mas ele não falou que era a Marielle, falou que era uma mulher”, afirmou.

O delator do duplo assassinato também destacou o aumento patrimonial dos outros envolvidos no crime: o ex-bombeiro Maxwell Corrêa e Ronnie Lessa, apontado como o executor do tiros. Élcio citou a compra de carros luxuosos e lanchas após o crime.

“Eles ostentavam padrão de vida de policial ou ex-policial ou ex-bombeiro além dos ganhos?”, perguntou a Promotoria. “Com certeza. Muito além”, respondeu Queiroz.

As declarações foram dadas durante a audiência de instrução do processo de julgamento de Maxwell Corrêa. O ex-bombeiro será ouvido no dia 1º de dezembro. ´Perguntado sobre quem mandou matar Marielle e o motivo do crime, Élcio de Queiroz declarou ter ouvido de Ronnie Lessa que a questão com Marielle era “pessoal”.

“Você teve curiosidade de perguntar depois do crime o porquê?”, questionou a Promotoria.

“Esse detalhe, não. Ele só falou que a situação era pessoal. Maxwell nunca comentou comigo sobre isso”, respondeu.

Em outro momento do depoimento, o advogado de Maxwell Corrêa pergunta sobre Bernardo Mello, o “Macalé”, suspeito de ser o responsável por encomendar o assassinato. Ele foi executado em 2021 no Rio e o caso ainda continua aberto.

“Segundo o Ronnie, quem arrumou esse ‘trabalho’, esse homicídio mediante ‘paga’, foi o Macalé”, disse Queiroz. O advogado do ex-bombeiro, então, pergunta se ele pode falar mais.

A defesa do ex-policial, no entanto, interrompe e diz que essa parte está sob sigilo.

“Precisamos perguntar ao Ministério Público porque essa parte guarda relação com anexo sigiloso”.

No depoimento, Élcio também afirmou que houve extorsão de policiais da Delegacia de Homicídios do Rio para Ronnie Lessa. Disse que não confiava na Polícia Civil do Rio de Janeiro e, por esse motivo, não fechou delação premiada antes.

“Se tratava da Polícia Federal e não da polícia do rio, que tinha várias suspeitas de tentativa de extorsão. E eu não confiava, sem generalizar, na DH [Delegacia de Homicídios]. Eu fui assistido por 7 delegados diferentes e eu senti [confiança] com a Polícia Federal”, declarou. (Foto: Renan Olaz/Câmara Municipal do Rio)

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