Jornalista Henrique Rodrigues – Esta quinta-feira (6) está sendo, definitivamente, um dia exaustivo para a destrambelhada oposição bolsonarista ao governo Lula (PT).
Às portas de uma votação que pode resultar na aprovação da reforma tributária, embora o clima seja de incerteza sobre a apreciação da matéria no Congresso, pelo menos por ora, o Partido Liberal (PL) convocou uma reunião com seus parlamentares e lideranças, em Brasília, incluindo aí as presenças do ex-presidente Jair Bolsonaro e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que sequer é filiado ao PL, mas sim ao Republicanos.
A retórica dos integrantes da sigla, que tem a maior bancada da Câmara (99 deputados), é confusa. Em coro eles gritam contra o projeto enviado pelo governo, dizendo que preferem “um texto melhor”, muito embora a antiga gestão Bolsonaro tenha passado quatro anos prometendo uma reforma tributária em moldes praticamente idênticos, mesmo que sem sair do papel.
Nas redes, o que se vê são memes e publicações apelando para objeções infantis e sem sentido.
A sensação mesmo é de que, no melhor estilo do “líder”, a numerosa cambada de parlamentares agrupados sob a mesma bandeira (“que jamais será vermelha”) quer apenas tumultuar e “ser do contra”, tentando impor um antagonismo cego e radicalizado.
Para se ter uma noção do clima na capital federal, Jair Bolsonaro já chorou. Sim, habituado a se desmanchar em lágrimas quando quer se fazer de vítima para a opinião pública e à imprensa, o extremista foi aos prantos enquanto era elogiado pela esposa, Michelle, que teve a desfaçatez de dizer que o marido “é um homem sem nenhuma maldade”.
Logo ele, há mais de 30 anos na vida pública e sendo repercutido por seu discurso de ódio desmedido, apoio a torturadores e comportamento violento.
No auditório da Câmara onde se empoleiravam os deputados do PL, a chegada de Tarcísio de Freitas já prenunciava o acirramento dos ânimos.
O governador carioca de São Paulo havia dito, na quarta (5), que o texto da reforma tributária era bom, precisando apenas de ajustes pontuais, e que ele não se oporia ao que estava sendo apresentado.
Tarcísio se reuniu, inclusive, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e posou alegre para fotos com os jornalistas. A fúria da massa bolsonarista na reunião de hoje era mais do que esperada.
O chefe do Executivo paulista era interrompido a cada frase proferida, o que só aumentava o clima de constrangimento no ambiente.
O próprio ex-presidente afirmou que tinha ficado chateado com seu ex-ministro e franco favorito para ser seu sucessor, agora que está inelegível, inflamando ainda mais os correligionários mais radicais da legenda.
A GloboNews informou que Tarcísio precisou sair escoltado por seus guarda-costas de dentro do auditório de reuniões porque estava sob risco de ser agredido, debaixo de muitos xingamentos.
Mesmo com muita força na Câmara e no Senado, o bolsonarismo, em grande parte agrupado no PL, mas também com nomes em outras siglas que se conectam à extrema direita, vem apresentando dificuldades para fazer uma oposição séria.
Ainda que a ideia seja uma oposição agressiva e implacável, os métodos aplicados até agora pelos parlamentares, como no caso das CPIs e CPMIs que correm no Congresso, mais arranham a imagem da bancada e do ex-presidente do ajudam na hora de organizar os setores sociais não afeitos a Lula e ao PT.
O caso da gritaria e da selvageria contra a reforma tributária é apenas mais um que confirma esse furdunço que se tornou o bolsonarismo após perder o Planalto e ver seu Messias se tornar inelegível. (Foto Montagem: Redes sociais/PL)