Estimativa é da CNC. Setores mais impactados serão o supermercadista e o automotivo, com a maior concentração da folha de pagamento
O comércio pode acumular perdas bilionárias com as datas comemorativas em 2024. De acordo com uma estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o setor pode ter prejuízo de R$ 27,92 bilhões no ano que vem, o que ainda é 4% inferior às perdas registradas neste ano, que chegaram a R$ 28,99 bilhões. Em média, cada feriado em dias comerciais de 2023 gerou um prejuízo de R$ 3,22 bilhões ao varejo.
A principal novidade no calendário é a inclusão de um novo feriado nacional em 2024, somando um total de 10 datas, agora com o Dia da Consciência Negra, em novembro, já celebrado em algumas regiões do país. Apesar disso, haverá menos “feriados prolongados” em 2024. São eles: carnaval (12 e 13 de fevereiro – segunda e terça), Paixão de Cristo (29 de março – sexta), Corpus Christi (30 de maio – quinta) e Proclamação da República (15 de novembro – sexta).
A entidade reforçou que a incidência de feriados em dias úteis favorece alguns setores da economia, como o turismo. No entanto, gera prejuízos para o comércio devido a fatores como a queda no nível de atividade e elevação dos custos de operação. Na avaliação do presidente da CNC, José Roberto Tadros, os feriados não são considerados “vilões” da economia, mas, mesmo assim, o setor produtivo é uma balança que precisa estar sempre em equilíbrio.
“Nossos segmentos ligados ao turismo se beneficiam desse calendário, o que é muito positivo. Mas segmentos econômicos como o varejo registram perdas com lojas fechadas e menor movimentação de público, por exemplo. A validade desse levantamento é dar luz sobre o cenário e orientar as melhores decisões”, pontua.
Impacto
Segundo as estimativas da CNC, os setores que mais sofrerão com os feriados do ano que vem são o supermercadista e o automotivo. Isso deve ocorrer devido à parcela que os dois representam dentro dos ramos em que a relação folha/faturamento é mais elevada. Somente esses dois segmentos concentram mais de 44% de toda a folha de pagamentos do comércio brasileiro.
“Por mais que as vendas do varejo possam ser parcialmente compensadas nos dias imediatamente anteriores ou posteriores aos feriados, o peso relativamente elevado dos gastos com pessoal na atividade comercial é a principal fonte dos prejuízos impostos pelas datas de descanso, comprimindo as margens de operação do varejo diante de um público menor e da paralisação de atividades”, avalia o economista da CNC responsável pelo levantamento, Fabio Bentes.
De acordo com estudos feitos pela confederação, cada feriado reduz a rentabilidade anual média do comércio em 1,29%. Sendo assim, a entidade avalia que os feriados do próximo ano deverão impactar o excedente operacional do comércio em 9%.
Outro fator que tende a impactar os feriados em 2024 é a nova portaria do Ministério do Trabalho e Emprego, publicada em novembro deste ano, que determina que as atividades comerciais deverão recorrer a negociações coletivas autorizando o exercício laboral aos domingos e feriados, o que tende a dificultar a abertura dos estabelecimentos em dias considerados não uteis. A CNC participa de uma mesa nacional de negociação que tem intuito de adequar a nova diretriz às peculiaridades das atividades econômicas exercidas pelo comercio de bens, serviços e turismo.
(Foto: Ilustração/Internet)