Famílias brasileiras encolhem 15% e já têm menos de 3 integrantes, diz Censo 2022

Média de moradores por domicílio no país passou de 3,31, em 2010, para 2,79, em 2022. Amazonas é o estado com o maior número de pessoas por família, 3,64, enquanto Rio Grande do Sul concentra o menor, 2,54

 

Os primeiros resultados do Censo Demográfico 2022, divulgado nesta quarta-feira (27), apontam um encolhimento das famílias em todo o País. Na última década, o número médio de membros nos lares brasileiros reduziu 15,7%, caindo de 3,31 pessoas, em 2010, para 2,79, em 2022. A série aponta que a média de moradores por domicílio vem caindo desde o Censo de 1980 até o mais recente. O movimento segue uma tendência associada ao perfil das famílias: residências com casais e filhos, ou outros tipos de arranjo, têm se tornado menos frequente.

“Com o envelhecimento da população, que é ligado a uma taxa menor de fecundidade, é natural que se diminua o número de moradores por domicílio. No passado havia uma quantidade maior de famílias constituídas de um casal com filhos e normalmente eram muitos filhos. Hoje em dia, houve queda nesse tipo de arranjo familiar, com aumento de participação de outros arranjos, como casal sem filhos, mãe solo e unipessoais. Quando há casais com filhos, a quantidade é menor, em geral um ou dois. Ou seja, houve um aumento no número de arranjos com menos pessoas”, explica o demógrafo do IBGE Márcio Minamiguchi ao Opinião em Pauta.

Ainda que todos os estados tenham registrado queda nessa média, uma desigualdade regional persiste quando se trata dessa densidade. No Amazonas, por exemplo, a média de moradores por domicílio continua sendo a maior do País, com 3,64 membros (eram 4,36, em 2010). Na sequencia, com os maiores números de moradores por domicílio aparecem o Amapá (passando de 4,26 para 3,63), Roraima (de 3,86 para 3,51), Pará (de 4,05 para 3,31) e Maranhão (3,97 para 3,23).

Já, na outra ponta, as famílias do Rio Grande do Sul ficaram mais enxutas, reduzindo o número de membros para 2,54 em 2022, ante 2,95 em 2010. Ainda neste topo, com as menores médias,  surgem o Rio de Janeiro (2,60, em 2020 contra 3,04, em 2010) e Espírito Santo (2,67 agora e 3,17 no censo anterior).

Dentre as capitais, Macapá (AP), anotou o maior número de moradores por domicílios, com uma queda de 4,20 membros em 2010 para 3,56 no ano passado. Outras cinco capitais ainda anotam médias superiores a três integrantes por família: Boa Vista (RR), com redução de 3,70 para 3,39 em pouco mais de uma década; Manaus (AM), de 3,90 para 3,27; Teresina (PI), de 3,65 para 3,08; Belém (PA), de 3,77 para 3,08; e Porto Velho (RO), de 3,60 para 3,01.

A capital gaúcha mantém o quadro de menor conglomerado familiar do País. Porto Alegre possui 2,37 integrantes por lar, uma redução de 13,8% em relação a média de 2010 (2,75). Completam o ranking na parte de cima: Florianópolis (SC), com média de 2,43 pessoas (era 2,84 em 2010); Salvador (BA), com 2,51 (era 3,10); Vitória (ES), com 2,51 (era 3,01); e Rio de Janeiro (RJ), com 2,53 (era 2,93).

Estas são as primeiras informações que ajudam a traçar uma fotografia do Brasil depois da pandemia de Covid-19. A pesquisa deveria ter ido a campo em 2020, mas a crise sanitária e o impasse orçamentário com o governo federal, durante a gestão de Jair Bolsonaro, atrasaram a coleta. O último Censo foi realizado em 2010 e, de lá pra cá, o instituto realizava projeções para estimar o tamanho da população brasileira.

 

Média de moradores por domicílio por Estado

Rio Grande do Sul 2,54
Rio de Janeiro 2,6
Espírito Santo 2,67
Santa Catarina 2,7
Paraná 2,71
Minas Gerais 2,71
São Paulo 2,72
Goiás 2,73
Bahia 2,77
Mato Grosso do Sul 2,79
Brasil 2,79
Sergipe 2,81
Distrito Federal 2,83
Pernambuco 2,83
Rondônia 2,83
Mato Grosso 2,85
Rio Grande do Norte 2,88
Paraíba 2,89
Ceará 2,9
Tocantins 2,93
Alagoas 2,99
Piauí 3,05
Acre 3,16
Maranhão 3,23
Pará 3,31
Roraima 3,51
Amapá 3,63
Amazonas 3,64

 

Por Capital

Porto Alegre (RS) 2,37
Florianópolis (SC) 2,43
Salvador (BA) 2,51
Vitória (ES) 2,51
Rio de Janeiro (RJ) 2,53
Curitiba (PR) 2,58
Belo Horizonte (MG) 2,59
Goiânia (GO) 2,61
São Paulo (SP) 2,65
Recife (PE) 2,7
Campo Grande (MS) 2,74
Aracaju (SE) 2,75
Natal (RN) 2,77
Cuiabá (MT) 2,78
Brasil 2,79
João Pessoa (PB) 2,8
Fortaleza (CE) 2,82
Palmas (TO) 2,84
Maceió (AL) 2,84
Rio Branco (AC) 2,92
São Luís (MA) 2,96
Porto Velho (RO) 3,01
Belém (PA) 3,08
Teresina (PI) 3,08
Manaus (AM) 3,27
Boa Vista (RR) 3,39
Macapá (AP) 3,56

Fonte: Tabelas feitas pelo Opinião em Pauta com base nos dados do IBGE – Censo 2022 Resultados Preliminares

 

(Foto: Reprodução)

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