Relatório divulgado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apontou falha no desempenho de equipamentos em usinas eólicas e solares como a principal causa do apagão e o desligamento de linhas de transmissão em 15 de agosto e atingiu 25 estados.
Os dados constam na minuta de análise de perturbação (RAP), disponibilizada nessa segunda-feira (25). A versão final do documento deve ser entregue até 17 de outubro.
De acordo com o ONS, os equipamentos deveriam compensar automaticamente a queda de tensão causada pelo desligamento da linha de transmissão Quixadá-Fortaleza II, o chamado “evento zero” do apagão.
No entanto, os dados oficiais sobre funcionamento dos equipamentos fornecidos pelas usinas não corresponderam ao seu desempenho após o desligamento da linha no Ceará.
O relatório informa, ainda, que a diferença nos dados fornecidos tornou “impossível a identificação prévia por parte do ONS do risco de atuação da PPS [Proteção de Perda de Sincronismo] causado pelo colapso de tensão em parte do sistema” depois do desligamento da linha. A PPS é uma das proteções do sistema elétrico e atua para evitar que o problema se espalhe no sistema interligado.
Dessa forma, houve um efeito cascata de desligamento de linhas de transmissão que causou o apagão quando 34,5% da demanda de energia elétrica foi interrompida.
No documento, o ONS afirma que vai propor à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a elaboração de novos procedimentos para envio e validação dos dados pelas usinas.
Essa medida teria o objetivo de “assegurar reprodução fidedigna dos seus desempenhos em campo, tanto no processo de integração de novas usinas quanto em todo o ciclo de vida”, afirma o ONS.
O operador solicitou ainda que as usinas eólicas e solares enviem dados e informações sobre os parques de geração, com documentação detalhada de equipamentos, modelos de simulação e validação dos dados. Isso deve ser feito até janeiro de 2024. (Foto: Reprodução)