Fala de Lula citando Flávio Dino sobre obesidade gera críticas da oposição.

Quem é obeso sabe o quanto o acúmulo de gordura no organismo aumenta o risco de doenças como hipertensão arterial, aumento do colesterol e triglicérides, diabetes, apneia do sono, acúmulo de gordura no fígado, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e pode estar associado ao surgimento de alguns tipos de câncer.

A obesidade no Brasil chega a 6,7 milhões de pessoas e cresceu 29,4% nos últimos quatro anos, segundo o Ministério da Saúde.

Durante o lançamento do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci),o presidente Lula tratou do assunto, chegando a citar o ministro da Justiça Flavio Dino como exemplo de pessoa que luta para reduzir o sobrepeso.

A oposição aproveitou o discurso do presidente para criticá-lo, nas redes sociais,  por ter tratado a obesidade como doença.

Só que Lula está certo, e precisa mesmo colocar, como presidente da República,  a cara para estimular todo aquele que possui gordura em excesso a lutar para reduzi-la.

A obesidade é uma questão de saúde pública.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi alvo de críticas após citar obesidade do ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), e classificar a condição como “uma doença que causa tanto mal quanto a fome”.

Lula afirmou que a obesidade deve ser assistida pelo Estado e que Dino estaria andando de bicicleta por estar acima do peso.

“[A obesidade] também é uma doença que nós precisamos cuidar”, disse o presidente.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o sobrepeso e a obesidade são definidos como acúmulo anormal ou excessivo de gordura que pode prejudicar a saúde.

“A nossa médica que é ministra da Saúde sabe perfeitamente bem que a obesidade causa tanto mal quanto à fome. E por isso que o Flávio Dino está andando de bicicleta, porque ele sabe que isso vai precisar que o Estado cuide com muito carinho desse mal”, disse Lula.

Especialistas apontam que a simples associação entre obesidade e doença não é uma equação simples e não contribui efetivamente para se combater um problema que é de saúde pública.

O aumento de peso está relacionado a causas multifatoriais que vão além das opções alimentares, incluindo o contexto social, preços dos alimentos e questões genéticas.

Ao falar sobre o Pronasci no evento, Flávio Dino também havia comentado com humor sobre a sua condição.

“Um trabalhador da construção civil que tem uma bicicleta furtada não é a mesma coisa que uma pessoa que usa a bicicleta uma vez por ano para fazer atividade física. Falo de mim mesmo, como dá para notar”, disse Dino, gerando risos na plateia.

 

Jornalista mete a colher na panela

 

A jornalista Madeleine Lacsko , do Uol, tratou o assunto de forma direta, sem meios-termos.

Diz:

“No evento em que fez troça com a forma física do ministro da Justiça, Flávio Dino, o presidente Lula (PT) também prestou um serviço importantíssimo à saúde pública no Brasil. Colocou o pessoal do “todes”, os Che Guevaras de apartamento, no devido lugar, o de defensores de crendices”.

E prossegue.

“Temos visto nos últimos tempos a proliferação da pauta sobre gordofobia e sua consequente utilização na arena política. Na apoteose da superficialidade, se colocam no mesmo balaio duas coisas absolutamente diferentes.

A primeira coisa é a defesa de que pessoas gordas sejam tratadas com respeito. Isso inclui conscientizar sobre os principais tipos de preconceito, que vão para muito além do cozidão abilolado de superficialidades propagadas por influencers que surfam no tema.

“Outra coisa é o negacionismo científico que tem feito sucesso no mercado dos influencers antigordofobia: a luta contra a “patologização da obesidade”. Existem até – pasmem – trabalhos acadêmicos sobre isso. Tratar a obesidade como a patologia que é, segundo essa teoria, seria uma forma de violência contra as pessoas que sofrem da doença. Isso porque aumentaria o preconceito e o sofrimento psicológico, por isso uma abordagem “despatologizante” é buscada por grupos muito ativos nas redes”, fulmina a jornalista.

Ao final de seu artigo Madeleine Lacsko lacra:

“Marcou um golaço o presidente Lula ao dizer com todas as letras que obesidade é doença. Diferentemente dos lacradores, eu jamais defenderia a interdição do discurso deles sobre “despatologizar” a obesidade. Da mesma forma que jamais aceitaria que sejam calados os tarólogos e astrólogos. Só precisam ser colocados no lugar devido, o das crendices.” (Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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