Extração ilegal de madeira aumenta 22% em um ano e chega a 42% do total no Pará

Maior parte da retirada irregular está em imóveis rurais privados

 

A extração ilegal de madeira cresceu 22% no Pará. É o que mostram os dados do Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex), divulgados nesta sexta-feira (16), que cruzou a exploração madeireira mapeada por satélite com as autorizações para a atividade no estado.

A pesquisa aponta que a extração de madeira ilegal passou de 17,8 mil hectares entre agosto de 2021 e julho de 2022 para 21,8 mil hectares entre agosto de 2022 e julho de 2023. O estado, portanto, fechou o calendário com 42% da atividade feita sem permissão de órgãos ambientais.

A área de exploração autorizada também aumentou, subindo de 20,6 mil hectares entre agosto de 2021 e julho de 2022 para 30,2 mil hectares no período seguinte.

“A atividade legalizada precisa ser feita de forma sustentável, gerar empregos e pagar impostos”, explica Dalton Cardoso, pesquisador Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Ele ressalta que a cada cinco hectares com extração de madeira no Pará, dois são ilegais, “o que gera danos ambientais, ameaça povos e comunidades tradicionais e enfraquece o setor madeireiro”, diz.

A maior parte da atividade irregular é realizada em áreas cadastradas nos sistemas de registros de terras, como Sistema de Gestão Fundiária (Sigef), no Cadastro Ambiental Rural (CAR), no Sistema Nacional de Certificação de Imóveis (SNCI) ou no Programa Terra Legal. Esses imóveis rurais são responsáveis por 72% da madeira ilegal extraída no estado.

O instituto trabalha com quatro categorias de ocupação do território para análise dos dados: áreas protegidas, terras não destinadas e vazios cartográficos, imóveis cadastrados e assentamentos. Nos assentamentos, a extração de madeira ilegal teve aumento, passando de 5% entre agosto de 2021 e julho de 2022 para 14% no período seguinte.

“Esse crescimento pode ter sido resultado tanto de invasões quanto da ausência da assistência adequada para a realização do manejo florestal comunitário, o que alerta sobre a necessidade de ações públicas que possam proteger e desenvolver a produção sustentável nesses territórios”, avalia o pesquisador.

Nas terras não destinadas e vazios cartográficos, a ação ilegal caiu de 15% para 10% e nas áreas protegidas, como unidades de conservação e terras indígenas, o percentual de extração irregular passou de 6% para 4%. Nessa última categoria, ganha destaque o território Amanayé, de onde foi retirada 92% da madeira ilegal extraída de áreas protegidas no período mais recente.

O território foi reconhecido em 1945 e está cadastrado no sistema da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), mas ainda aguarda pela homologação. A área de extração ilegal de madeira na reserva indígena entre agosto de 2022 e julho de 2023 foi de 804 hectares – na totalidade das áreas protegidas, foram 871 hectares de floresta vertida em madeira irregular, o que representa uma queda de 20% em comparação ao período anterior.

(Foto: Semas)

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