O ministro da Justiça, Flávio Dino, que antes de entrar para a política atuou por anos como juiz federal, evocou sua experiência como magistrado para interpretar o ato de Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro e assessores envolvidos no escândalo das joias de ficarem em silêncio durante depoimento à Polícia Federal (PF), nesta quinta-feira (31).
Além de Jair e Michelle, foram intimados a prestar depoimentos simultâneos à PF nesta quinta-feira Mauro Cid (tenente-coronel, ex-ajudante de ordens, que está preso), Mauro César Lourena Cid (pai de do tenente-coronel), Frederick Wassef (advogado de Bolsonaro), Fabio Wajngarten (advogado de Bolsonaro) e Osmar Crivelatti (assessor de Bolsonaro).
Apenas Mauro Cid e Mauro Lourena Cid falaram em seus depoimentos, enquanto os demais investigados seguiram a estratégia de Jair e Michelle de ficarem calados. Trata-se de uma manobra jurídica do ex-presidente e seus aliados, que questionam o fato da investigação tramitar no Supremo Tribunal Federal (STF) e não na primeira instância.
Ao comentar o caso, Flávio Dino matou a charada.
Segundo o ministro, quando investigados decidem ficar em silêncio diante de interrogatórios, é pelo fato de que falar poderia piorar a situação.
“Fui juiz federal por 12 anos. E sempre dizia aos acusados: o interrogatório é um momento precioso para a autodefesa. Poucos abriam mão desse direito. E quando o faziam, era em razão da avaliação deles de que falar era pior do que calar. A experiência sempre ensina muito”, escreveu Dino em seus perfis nas redes sociais.
Silêncio de Bolsonaro
Advogados de Jair e de Michelle Bolsonaro realizaram um conluio e, em manobra jurídica, apresentaram uma justificativa para que o ex-presidente e a ex-primeira-dama ficassem em silêncio no depoimento simultâneo realizado nesta quinta-feira (31) na sede da Superintendência da Polícia Federal em Brasília.
Os advogados de Fabio Wajngarten, advogado de Bolsonaro e ex-secretário de Comunicação da Presidência, e do militar Marcelo Câmara, também usaram a mesma estratégia para que os dois também ficassem em silêncio.
Já o tenente-coronel Mauro Cid, e o pai, o general Mauro Lourena Cid, decidiram falar e prestaram depoimentos longos.
Em três notas divulgadas após a chegada dos depoentes à PF, que marcou a oitiva para as 11h, os advogados questionam o fato da investigação tramitar no Supremo Tribunal Federal (STF) e não na primeira instância. (Foto: Ministério da Justiça)