Em dezembro de 2020, Silvinei Vasques, então superintendente da Polícia Rodoviária Federal do Rio de Janeiro firmou o primeiro contrato do governo federal com a Combat Armor Defense do Brasil, no valor de R$4,2 milhões, abrindo os cofres públicos para a fornecedora de blindados, à época uma empresa novata no mercado.
Conforme a Agência Pública, um ano depois, em abril de 2021, quando Vasques assumiu a chefia geral da PRF, a Combat Armor Defense ganhou outros contratos milionários.
Além do Rio, a empresa vendeu seus serviços para as superintendências das polícias rodoviárias do Rio Grande do Norte, Paraná, Mato Grosso do Sul, Bahia, Santa Catarina e para o departamento nacional da corporação.
Ao todo, a companhia recebeu R$33,5 milhões em pagamentos dos R$36,5 milhões em contratos firmados com a PRF, órgão vinculado ao Ministério da Justiça.
Silvenei, agora aposentado após o fim do governo Bolsonaro, é também investigado por bloqueios ilegais em rodovias durante as eleições e por fazer campanha para Jair Bolsonaro (PSL).
“Eles me visitaram”
Já a sua relação com a Combat Armor Defense não se encerrou.
Ao menos é o que disse o CEO da própria empresa, Maurício Junot, sobre o ex-chefe da PRF, que pediu emprego na empresa neste ano, acompanhado do ex-secretário executivo do Ministério da Justiça, Antonio Lorenzo — o número 2 de Anderson Torres durante o governo de Jair Bolsonaro.
A informação de Junot foi dada à Agência Pública quando questionado sobre a relação de Silvinei com a empresa de blindados. “Eles fizeram uma visita para mim lá (na sede da firma), deixando currículo, mas nenhum dos dois tem nenhum tipo de relacionamento comigo”, disse.
Porém, funcionários da empresa consultados pela publicação relataram que Silvinei Vasques teria prestado serviços para a Combat em janeiro, mas não teria permanecido “após a informação vazar”.
A assessoria da companhia nega a informação: “ele não trabalha, não foi e não é funcionário ou colaborador”.
A contratação havia sido noticiada pela Revista Fórum.
Escondendo informação
A Combat Armor também contratou no início deste ano os serviços de consultoria de Antonio Lorenzo, o número dois da pasta comandada por Anderson Torres.
Em janeiro, ele e Silvinei Vasques abriram empresas de consultoria, a F5 Consultoria e a Victory Consultoria, respectivamente.
Elas foram registradas na Receita Federal com o mesmo endereço em Florianópolis (SC), onde funciona o escritório de contabilidade Quality Contabilidade e Consultoria. (Foto: Agência Brasil/EBC)