Por Henrique Acker – Ao mesmo tempo em que anistiou cerca de 1.500 de seus seguidores que invadiram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021, Donald Trump decidiu levantar as sanções contra colonos sionistas israelenses que invadem terras e expulsam famílias palestinas na Cisjordânia.
Outra medida polêmica anunciada pelo presidente dos EUA em sua posse foi a de designar como “organizações terroristas estrangeiras” os cartéis de drogas que atuem em solo estadunidense. A medida pode ser usada para justificar uma intervenção direta dos EUA em países de origem desses grupos de narcotraficantes .
“De acordo com as ordens que assino hoje, os cartéis também serão designados como organizações terroristas estrangeiras. Como comandante-em-chefe, não tenho maior responsabilidade do que defender o nosso país de ameaças e invasões . E é exatamente isso que farei”, afirmou Trump em seu discurso de posse.
Aos amigos, tudo…
Trump se refere aos condenados, detidos e processados pela tentativa de impedir a posse de Joe Biden como “patriotas” e “reféns” do Estado. Na ocasião, Trump insistia na denúncia de que as eleições presidenciais teriam sido fraudadas. Por esse motivo, chegou a ser processado.
Um dos envolvidos na invasão do Capitólio, que recebeu sentença de 22 anos de prisão, é acusado de pertencer à organização neonazista Proud Boys.
O presidente republicano também anulou o texto adotado por Joe Biden em fevereiro de 2024, que tinha sido a condição para a aplicação de sanções financeiras a vários colonos israelenses praticantes de atos considerados violentos contra palestinos. As sanções incluíam o congelamento de bens no exterior e a proibição de viajar para fora de Israel.
O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, e o ministro demissionário Itamar Ben Gvir, ambos de partidos de extrema-direita, agradeceram a Trump pela medida. Os dois possuem relações estreitas com os grupos de colonos que ameaçam e expulsam palestinos de suas terras na Cisjordânia.
Possibilidade de intervenção armada
Em seu primeiro mandato, Trump já havia ameaçado classificar como “organizações terroristas” os cartéis de drogas, mas a medida visava os grupos mexicanos. Agora, a decisão pode se estender a facções criminosas de toda a América Latina.
Na ocasião, o ex-presidente mexicano Andrés López Obrador rejeitou a proposta. O que mais preocupava o governo mexicano era que a medida abrisse brechas para operações unilaterais em seu território, sem considerar sua soberania, o que está previsto na legislação antiterrorista dos EUA, a chamada Patriot Act, assinada por George Bush em 2001.
A medida adotada por Trump atende aos anseios dos setores mais conservadores da política estadunidense. A ala dura do Partido Republicano há muito defende considerar narcotraficantes como terroristas e intervir militarmente em território mexicano para os combater. Entre os cartéis de drogas com atuação reconhecida nos EUA há grupos do México, Honduras, Colômbia e Equador.
Com a “Lei Patriótica”, surgem os estatutos de “combatente inimigo” e de “combatente ilegal”, que autorizam os Estados Unidos a deter sem qualquer prova de culpa todos os suspeitos de terrorismo.
“Eles não ganharam margem de manobra para investigar só os culpados, mas, sim, todas as pessoas sobre as quais nem sequer havia suspeitas. Esse é o problema. Abriram a porta para recolher dados de qualquer pessoa”, criticou Michael German, um antigo agente do FBI e especialista dos direitos e liberdades da União Americana das Liberdades Civis. (Foto: Reprodução)
Por Henrique Acker (correspondente internacional)
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