Estudo associa colesterol ‘bom’ elevado e o aumento do risco de demência

Pesquisa publicada em revista americana associa níveis altos do HDL e maior chance de perda cognitiva

 

De acordo com um estudo publicado pela revista científica Lancet Regional Healt – Western Pacific, o colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL), conhecido como “colesterol bom”, quando em níveis excessivamente altos, pode estar associado ao aumento no risco de demência em idosos em até 42%. Embora o HDL seja conhecido por ajudar a remover o excesso de “colesterol ruim”, o LDL,  das artérias, pesquisadores descobriram que em níveis muito altos, sua estrutura e ações podem se tornar prejudiciais à saúde de várias maneiras. A análise foi conduzida por pesquisadores da Universidade Monash, na Austrália.

Os responsáveis pelo trabalho afirmam que os achados podem ajudar a reconhecer grupos de idosos, especialmente entre aqueles acima de 75 anos, que estejam em maior risco potencial de desenvolver a perda cognitiva. Porém, destacam que os níveis altos do HDL observados foram incomuns e não relacionados à dieta, ponderando que o mais provável é que reflitam algum distúrbio metabólico. Além disso, aqueles com HDL mais alto tiveram menor frequência de outras doenças, como hipertensão, diabetes, doença renal crônica, sedentarismo e tabagismo – motivo pelo qual ele é considerado o colesterol “bom”.

O colesterol é um lipídio fundamental para a composição das membranas celulares. O que muda no corpo é seu meio de transporte, que são as lipoproteínas. Quando elas são de baixa densidade (o chamado LDL), seu excesso se deposita nas paredes das artérias formando placas que podem obstruir a passagem e, consequentemente, causar problemas cardíacos como infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Já quando o colesterol se junta a lipoproteínas de alta densidade (o HDL) para circular no organismo, ele remove o excesso do LDL do sangue.

Por isso, é ligado a menores riscos de doenças cardiovasculares e é considerado positivo, sendo recomendada uma taxa superior a 40 mg/dl, sem limite estabelecido. Já para o LDL, o ideal é que o nível fique abaixo de 130 mg/dl. Atividades físicas e uma alimentação saudável, por exemplo, diminuem o LDL e aumentam o HDL. No entanto, trabalhos recentes têm apontado um possível efeito negativo também do HDL em excesso pela relação com a perda cognitiva.

O novo estudo publicado na Lancet analisou informações de 18.668 indivíduos acima de 70 anos, sem diagnóstico de demência, que participaram de um teste clínico sobre o uso de aspirina entre idosos. Os dados foram avaliados num período de 6,3 anos. Os cientistas observaram que aqueles que tinham um HDL muito alto no início do acompanhamento apresentaram um risco 27% mais alto de desenvolver um quadro de demência em comparação com os participantes cujos níveis de HDL estavam normais. Entre os com idades acima de 75 anos, o risco foi maior, de 42%.

Taxas muito elevadas do HDL foram consideradas como aquelas acima de 80 mg/dL ou 2.07 mmol/L. Já as normais foram as que variaram entre 40 e 60 mg/dL. Apesar da relação encontrada, a autora do estudo e pesquisadora sênior da Escola de Saúde Pública e Medicina Preventiva da Universidade Monash, Monira Hussain, diz, em comunicado, que são necessárias mais pesquisas para explicá-la.

“Embora saibamos que o colesterol HDL é importante para a saúde cardiovascular, este estudo sugere que precisamos de mais pesquisas para compreender o papel do colesterol HDL muito elevado no contexto da saúde do cérebro”, afirma. Ainda assim, acredita que já “pode ser benéfico considerar níveis muito elevados de colesterol HDL em algoritmos de previsão do risco de demência”.

(Foto: Reprodução)

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