Por Henrique Acker – Na mesma semana em que o milionário Donald Trump tomou posse como presidente dos EUA, cercado por CEOs das principais companhias de alta tecnologia, e inaugura-se o Fórum Mundial, em Davos (Suíça), reunindo os principais agentes econômicos e políticos do mundo, a Oxfam publica um relatório bombástico, apontando que 45% da riqueza do planeta está concentrada nas mãos de 1% da população do planeta.
“Tomadores, não produtores” reúne dados das principais instituições que acompanham a economia mundial, para concluir que “a desigualdade está fora de controle”. De acordo com o relatório, com base em dados comparativos, “a riqueza dos bilionários aumentou três vezes mais rápido em 2024 do que em 2023.”
Herança, nepotismo e monopólio
O estudo cita que os bilionários acumularam cerca de US$ 2 trilhões extras no ano passado – cerca de US$ 5,7 bilhões por dia. Esse ritmo de enriquecimento é três vezes mais rápido do que o visto em 2023. Juntos, os bilionários possuem cerca de US$ 14 trilhões em ativos, com um aumento de US$ 2 trilhões em um ano, conclui a Oxfam.
Para desmistificar o discurso da “meritocracia”, segundo o qual os ultra-ricos são frutos de sua inteligência superior e seu próprio esforço, a Oxfam alerta que essa percepção não está enraizada na realidade: “60% da riqueza dos bilionários vem de herança, nepotismo ou monopólio”, sentencia o relatório.
O estudo também aponta o colonialismo como fator decisivo para a concentração de riqueza nas mãos de uns poucos ultra-ricos das antigas metrópoles. De acordo com as conclusões da Oxfam, essa situação persiste num “mundo que continua a extrair sistematicamente riqueza do Sul Global para beneficiar principalmente as pessoas mais ricas do Norte Global.”
Rapina colonial continua
A Oxfam alerta ainda que cerca de US$ 30 milhões por hora são extraídos do Sul do Planeta para o 1% de super-ricos do Norte Global. Ao mesmo tempo, “o número de pessoas vivendo na pobreza mal mudou desde 1990”. E isso apenas em termos percentuais da população, porque o número real de pobres no mundo só aumenta.
De acordo com a ONU, pelo menos 1,1 bilhão de pessoas em 112 países são consideradas multidimensionalmente pobres.
A última atualização do Índice de Pobreza Multidimensional avalia privações em campos como saúde, educação e padrão de vida, combinando à incidência e à intensidade dessa situação. As pessoas são tidas como multidimensionalmente pobres se forem privadas em pelo menos um terço desses indicadores.
Taxar os super-ricos
No relatório, a Oxfam não se limita a enumerar causas e dados sobre concentração de riqueza e pobreza no mundo, mas oferece também algumas proposições para a superação da desigualdade.
Entre as propostas sugeridas estão a taxação de impostos sobre as fortunas dos mais ricos, a abolição dos paraísos fiscais, medidas de reparação que curem as feridas do colonialismo, travar o colonialismo moderno, estabelecer metas globais e nacionais para a redução radical da desigualdade e promover a cooperação e solidariedade entre os países do Sul.
A Oxfam é a sigla em inglês para Oxford Committe for Famine Relief (Comitê de Oxford para Alívio da Fome), uma confederação de 19 organizações e mais de 3000 parceiros. Trata-se de uma organização com atuação em mais de 90 países, que busca apontar soluções para o problema da pobreza, desigualdade e da injustiça, por meio de campanhas, programas de desenvolvimento e ações emergenciais.
Na imagem destacada, da esquerda para a direita: Zuckerberg (Meta), Bezos (Amazon), Pichai (Google) e Musk (X), super-ricos à vontade na posse de Donald Trump. (Foto: Reprodução)
Por Henrique Acker (correspondente internacional)
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