A direção da Universidade Santo Amaro (Unisa) decidiu expulsar seis estudantes de Medicina que teriam participado da masturbação coletiva, apelidada de “punhetaço”, durante uma partida de vôlei feminino em um torneio universitário na cidade de São Carlos, no interior de São Paulo.
O episódio ocorreu entre os dias 28 de abril e 1º de maio deste ano, mas os vídeos viralizaram só no último fim de semana e provocaram revolta nas redes sociais.
Nesta segunda-feira (18/9), a Polícia Civil instaurou inquérito para identificar os estudantes envolvidos no ato obsceno, crime com pena prevista de três meses a um ano de prisão.
A direção da Unisa, que fica na zona sul da capital paulista, já identificou seis alunos e decidiu expulsá-los da universidade nesta segunda-feira.
Os nomes deles não foram divulgados.
A reitoria da instituição só teria tomado conhecimento do episódio nesta segunda, após a reportagem, e decidiu desligar os estudantes identificados rapidamente.
A Unisa deve divulgar um comunicado oficial sobre o caso apenas nesta terça-feira (19/9).
Investigação aberta
Paralelamente, a Polícia Civil de São Paulo continuará investigando demais alunos de medicina da Universidade Santo Amaro (Unisa) que ficaram pelados e simularam masturbação diante de atletas de vôlei feminino durante um jogo universitário no interior paulista.
Imagens que circularam nas redes sociais mostram alunos da Unisa com shorts abaixados e tocando os genitais ao lado da quadra onde jogavam atletas de vôlei feminino do Centro Universitário São Camilo.
O vídeo que viralizou ao ser publicado nos stories por uma estudante contém a legenda: “Um bando de animal (sic). Nunca vi tanto idiota nojento junto. Parabéns Unisa por conseguir ser a pior faculdade da história.”
De acordo com o Centro Universitário São Camilo, o evento ocorreu entre os dias 28 de abril e 1º de maio durante a Calomed (um evento universitário que reúne estudantes de medicina). Neste ano, o evento foi realizado em São Carlos, no interior paulista.
O caso ganhou maior atenção na internet quando o youtuber e empresário Felipe Neto compartilhou o caso cobrando posicionamento da Unisa: “A faculdade não vai se pronunciar? Não vai fazer nada?”
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou à CNN, em nota, que “assim que tomou conhecimento dos fatos, iniciou diligências para apurar o ocorrido”.
“A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de São Carlos já iniciou as investigações para o total esclarecimento dos fatos”, concluiu a SSP.
O Centro Acadêmico Rubens Monteiro de Arruda, do curso de Medicina da Unisa, publicou uma nota nas redes sociais dizendo “repudiar as atitudes demonstradas nos vídeos que estão circulando nas mídias sociais a respeito de competições anteriores”.
“Nós não compactuamos com atitudes que ofendam, humilhem e constranjam qualquer pessoa. É notório que tais feitos são um retrocesso para uma universidade moldada através de lutas e reivindicações de seus discentes, e que também se dedica para que seu nome seja respeitado e reconhecido”, acrescentou o Centro Acadêmico.
A Atlética da Medicina da Unisa também se pronunciou por nota: “As filmagens circuladas pela mídia não são contemporâneas e não representam os princípios e valores pregados pela A.A.A.J.D.D.”
“Não toleramos ou compactuamos com qualquer ato de abuso ou discriminatório. Assim, atletas, torcedores, equipe técnica e todos os envolvidos em nossas competições e eventos são, por nós, incentivados sempre a terem comportamentos pautados em princípios éticos e sociais em que prevaleçam o respeito, a inclusão e a igualdade”, completou a Atlética.
Com a repercussão do caso, a União Nacional dos Estudantes (UNE) e o Ministério das Mulheres manifestaram repúdio.
“Absurdas as cenas dos alunos de medicina da Unisa durante os jogos universitários. Esses estudantes precisam ser responsabilizados pelos crimes cometidos em uma conduta inaceitável durante um jogo de vôlei feminino”, escreveu a UNE em comunicado.
“Não podemos tolerar que casos como esse continuem acontecendo. A nossa luta sempre será por um ambiente universitário sem machismo e sem assédio!”, concluiu.
Ministérios acionados
Por meio de uma postagem nas redes sociais, o Ministério das Mulheres informou que “atitudes como a dos alunos de medicina da Unisa jamais podem ser normalizadas – elas devem ser combatidas com o rigor da lei”.
“Romper séculos de uma cultura misógina é uma tarefa constante que exige um olhar atento para todos os tipos de violências de gênero”, escreveu o ministério. “Em parceria com o Ministério da Educação, o Ministério das Mulheres reforça seu compromisso de enfrentar essas práticas que limitam ou impossibilitam a participação das estudantes como cidadãs. Vamos seguir trabalhando para que as universidades sejam espaços seguros, livres de violência”.
“Em parceria com o Ministério da Educação, o Ministério das Mulheres reforça seu compromisso de enfrentar essas práticas que limitam ou impossibilitam a participação das estudantes como cidadãs. Vamos seguir trabalhando para que as universidades sejam espaços seguros, livres de violência”, concluiu.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse nesta segunda-feira (18) que o episódio é “repulsivo, indesejável e absurdo”, mas explicou que as forças de segurança nacionais só podem atuar se houver uma falha do sistema estadual.
“Essa situação tem o nosso repúdio e a nossa rejeição. Mas a atuação funcional nesse caso só pode ocorrer se a polícia estadual eventualmente ficar inerte, pois se trata de um crime entre particulares. A atribuição funcional a princípio é da Polícia Civil do estado de São Paulo”, explicou Dino em entrevista coletiva. (Foto: redes sociais/Reprodução)