Estados Unidos temem guerra no Oriente Médio

Henrique Acker (correspondente internacional)  – O governo de extrema-direita de Israel anunciou que seu objetivo é aniquilar o Hamas. Para isso, Benjamin Netanyahu conta com o apoio incondicional dos EUA e da cúpula da União Europeia, além de partidos moderados, que passaram a integrar seu governo.

Os planos militares de Israel incluem uma primeira fase de bombardeio aéreo intenso de Gaza (capital), que vem sendo executada desde 8 de outubro, e a mobilização de tropas (300 mil reservistas) e carros de combate em torno de toda Faixa.

Os apelos a uma intervenção “proporcional”, como resposta aos crimes cometidos pelo Hamas na ofensiva contra povoados israelenses em 7 de outubro, soam como mera retórica demagógica dos aliados de Istrael. Até 16 de outubro já se falava em sete mil bombas lançadas contra a Faixa de Gaza, com cerca de 2.866 palestinos mortos (mais de 700 crianças) e 12 mil feridos.

A questão dos reféns do Hamas (entre 150 e 200) parece ter ficado mesmo em segundo plano. Nada de concreto foi avançado na reunião de 15 de outubro, entre Benjamin Netanyahu e parentes dos sequestrados.

Aniquilar o Hamas ou tomar Gaza?

A segunda fase da operação militar consiste em expulsar cerca de um milhão de palestinos para o sul, visando a entrada das tropas israelenses no território. Isso facilitaria os combates com o Hamas e afastaria possíveis problemas colaterais, como imagens de inocentes mortos.

Alguns analistas já falam em duas outras fases da campanha militar israelense, que envolveriam o enfrentamento aos combatentes do Hamas no Centro e ao Sul de Gaza. Mas, desde 2021 sabe-se que o Hamas construiu uma rede de tuneis subterrâneos, de até 40 metros de profundidade, com uma extensão de cerca de 500 quilômetros. Isso, obviamente, torna os planos dos israelenses muito mais complicados.

No entanto, há duas possibilidades: 1) uma campanha direcionada a combater o Hamas, de alcance mais limitado; 2) uma campanha de larga escala, que usaria o combate ao Hamas como pretexto para anexar a Faixa de Gaza a Israel.

O problema é o que fazer com os 2,3 milhões de palestinos de Gaza. Parte deles se recusa a deixar o território e outra parte simplesmente não tem para onde ir.

A única fronteira de Gaza que existe além de Israel é com o Egito, cujo governo militar já avisou que não aceita receber os palestinos. O receio dos militares egípcios, é que o êxodo palestino de Gaza leve parte do Hamas para dentro de seu país, onde os jihadistas da Irmandade Muçulmana foram colocados na ilegalidade.

 

Irã adverte Israel

As visitas de Antony Blinken (secretário de estado dos EUA) por todo o Oriente Médio visam conter os ânimos dos dirigentes dos países árabes, pressionados pelas suas populações a intervir contra Israel. Já se prevê que um conflito de maior duração tenha consequências sobre os preços do petróleo no mercado internacional.

Blinken teme que o Irã dê sinal verde para que o grupo Hezbollah abra outra frente de combate contra Israel, ao sul do Líbano. Milícias xiitas iranianas teriam sido mobilizadas para cruzar o Iraque e se posicionarem próximo às colinas de Golã, na fronteira da Síria com Israel. O governo de Teerã já dvertiu Tel Aviv para as consequências de um massacre em Gaza.

O que Washington não precisa, no momento em que se concentra no conflito da Rússia com a Ucrânia, é de uma nova frente de guerra no Oriente Médio. Por isso, já concentra dois porta-aviões de última geração no Mar Mediterrâneo, com o objetivo de intimidar os iranianos.

A União Europeía reúne seus líderes nesta terça-feira, 17 de outubro, por videoconferência, para analisar a situação na Faixa de Gaza e tomar algumas decisões. Na pauta, obviamente, o confronto entre Israel e Hamas.

Vladimir Putin também estará esta semana com Xi Jinping. Deve discutir o estreitamento de relações econômicas entre Rússia e China e, certamente, os desdobramentos da crise no Oriente Médio. (Foto: REUTERS)

 

Por Henrique Acker (correspondente internacional)

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