Estados Unidos classificam grupo neonazista nórdico como terrorista

O Departamento de Estado dos Estados Unidos classificou nesta sexta-feira (14) um grupo neonazista nórdico e três de seus principais integrantes como terroristas.

É a segunda vez na história que os EUA classificam uma organização supremacista branca estrangeira e seus líderes como terroristas.

O departamento designou o Movimento de Resistência Nórdica (NRM) e três de seus principais integrantes – Tor Fredrik Vejdeland, Pär Öberg e Leif Robert Eklund – como Terroristas Globais Especialmente Designados, de acordo com uma declaração do porta-voz Matthew Miller.

Não é a primeira vez que o governo de Joe Biden classifica um grupo supremacista branco desta maneira. Em 2020, a administração de Donald Trump designou o Movimento Imperial Russo (RIM) e seus líderes como Terroristas Globais Especialmente Designados.

O NRM é uma organização neonazista transnacional fundada na Suécia em 1997, com filiais na Noruega, Dinamarca, Islândia e Finlândia, de acordo com o Departamento de Estado americano. Ela foi proibida na Finlândia em 2020.

De acordo com uma ficha informativa do Departamento de Estado, o NRM recebeu essa classificação “por ter cometido ou tentado cometer, representar um risco significativo de cometer ou ter participado de treinamento para cometer atos de terrorismo que ameaçam a segurança de cidadãos dos Estados Unidos ou a segurança nacional, política externa ou economia dos Estados Unidos”.

A designação desta sexta-feira negará aos membros do NRM o acesso ao sistema financeiro dos EUA, com a intenção de tornar mais desafiador para eles movimentar dinheiro pelo sistema internacional e financiar seus esforços.

 

Ameaça interna e no exterior

O anúncio desta sexta ocorre enquanto autoridades dos EUA alertam que grupos terroristas de supremacia branca continuam representando uma ameaça internamente e no exterior.

A Avaliação Anual de Ameaças de 2024 da Comunidade de Inteligência dos EUA descobriu que o “movimento de extremistas violentos transnacionais motivados racial ou etnicamente (RMVE), em particular motivado pela supremacia branca, continuará fomentando a violência na Europa, América do Sul, Austrália, Canadá e Nova Zelândia, inspirando o ator solitário ou ataques de pequenas células que representam uma ameaça significativa para pessoas dos EUA”.

“A atividade violenta do NRM é baseada em sua plataforma abertamente racista, anti-imigrante, antissemita e anti-LGBTQI+”, disse Miller na sexta-feira.

“Os membros e líderes do grupo realizaram ataques violentos contra oponentes políticos, manifestantes, jornalistas e outros adversários percebidos”, adicionou.

“Os membros do NRM também tomaram medidas para coletar e preparar armas e materiais explosivos, inclusive em nome do grupo e em prol de seus objetivos. Além disso, o NRM organizou treinamento em táticas violentas, incluindo combate corpo a corpo e luta com facas”, concluiu.

O Departamento de Estado destacou que tomou a medida como “parte de um esforço mais amplo do governo dos EUA para abordar as dimensões transnacionais da ameaça representada pelos atores do REMVE e refletir o compromisso contínuo da Administração Biden-Harris em combater o terrorismo doméstico (DT), que inclui o REMVE.”

Em comentários na quarta-feira (12), uma autoridade do departamento de contraterrorismo dos EUA alertou que “vínculos transnacionais” estavam aumentando, “com indivíduos e grupos se comunicando online e pessoalmente, radicalizando indivíduos — frequentemente jovens — para a violência, recrutando e compartilhando treinamento tático, incluindo o compartilhamento de instruções para fazer armas.”

“Os atores do REMVE estão se tornando cada vez mais adeptos à exploração de plataformas de mídia social, plataformas de jogos online e plataformas adjacentes a jogos, sites menores com públicos-alvo e aplicativos de bate-papo criptografados para recrutar novos seguidores, planejar e reunir apoio ideológico e disseminar materiais que contribuem para a radicalização e mobilização para a violência”, explicou Ian Moss, vice-coordenador do órgão.

Em 2019, o então presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva que possibilitou ao governo dos EUA perseguir grupos que treinam terroristas, não apenas grupos que realizam ataques terroristas. (Foto: REUTERS)

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