Esquerda organiza manifestação para 24 de março pela prisão de Bolsonaro

Também está prevista a divulgação de um manifesto em defesa da democracia

 

Partidos de esquerda e movimentos sociais e sindicais convocam atos no país para 24 de março, em defesa de que o ex-presidente responda pelos crimes que cometeu. “A esquerda precisa se organizar e responder ao ato de Bolsonaro”, afirma cientista político

As Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular decidiram convocar um dia nacional de mobilização pela prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em reunião conjunta, as organizações acertaram atos pelo país para o próximo dia 24 de março. Participaram do encontro diversas entidades, incluindo UNE, CUT, MTST, MST, MNU, CMP, MMM, além das legendas PT, Psol e PCdoB.

A decisão surge após as recentes revelações sobre o plano golpista de Bolsonaro, envolvendo membros da cúpula de seu governo, incluindo generais e ex-comandantes das Forças Armadas. As possíveis condenações do ex-presidente e oficiais de alta patente, além de inéditas, podem impactar significativamente a conjuntura política. As organizações presentes na reunião destacaram a necessidade de ocupar as ruas para pressionar pela devida punição aos golpistas. Embora a ação do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Polícia Federal (PF) seja crucial para a defesa da democracia, há um consenso de que a esquerda não pode ser apenas espectadora diante da reação de Bolsonaro, que realizou uma manifestação em sua defesa no dia 25 de fevereiro, na Avenida Paulista, em São Paulo.

“A esquerda precisa se organizar e responder ao ato de Bolsonaro”, afirma o professor da Fundação Escola de Sociologia e Política (Fespsp) Aldo Fornazieri. Fornazieri participou na segunda-feira (26) do programa Onze News, do jornalista Gustavo Conde, na TVT. O cientista político argumenta que “é fator preocupante” a ausência de atos de rua de movimentos progressistas. Então, ele comentou que se trata de uma reação necessária à extrema direita. “O bolsonarismo, a extrema direita, tem ainda grande capacidade de convocação nas ruas. Parece que a esquerda meio que perdeu as ruas desde 2015, 2016”, disse.

Os movimentos sociais referendaram o calendário aprovado no Seminário das Frentes, realizado em fevereiro deste ano, intensificando o chamado para o Dia Internacional de Luta das Mulheres em 08 de março, e ações por Justiça para Marielle. O dia 24 de março, além de ser uma data nacional de mobilização, destaca os 60 anos do golpe militar. Está prevista a divulgação de um manifesto em defesa da democracia, de caráter amplo, buscando incluir signatários para além da esquerda, seguindo a linha da “Carta aos brasileiros e às brasileiras, em defesa do Estado Democrático de Direito”, lida na Faculdade de Direito da USP em 2022.

A reunião também abordou a recente declaração de Lula na 37ª Cúpula Africana de Nações, denunciando o genocídio contra o povo Palestino praticado por Israel. As frentes reafirmaram seu compromisso com a defesa do presidente diante dos ataques sofridos por parte dos bolsonaristas e do lobby sionista.

A Síntese divulgada pelos organizadores destaca as próximas ações, incluindo uma plenária de avaliação conjuntural e mobilização do Marco de lutas em 27 de fevereiro, intensificação das mobilizações em 08 de março, lançamento do manifesto, e ações em memória dos seis anos do assassinato de Marielle Franco em 14 de março. O dia nacional de mobilização em 24 de março representa não apenas a busca pela prisão de Bolsonaro, mas também a defesa da democracia, marcando os 60 anos do golpe de 1964.

(Foto: Stefano Figalo/Brasil de Fato)

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