Henrique Acker (Correspondente internacional) – Numa decisão histórica, Espanha, Irlanda e Noruega oficializaram nesta terça-feira, 28 de maio de 2024, o reconhecimento do Estado da Palestina. Além da Suécia, outros seis países europeus já tinham dado o mesmo passo antes mesmo de aderirem à União Europeia: Bulgária, Chipre, Hungria, Polônia, República Tcheca e Romênia.
No total, já são 146 países que adotam o reconhecimento da Palestina como nação independente, o que perfaz dois terços dos países da ONU. Em uma votação histórica em novembro de 2012, a Assembleia Geral da ONU decidiu pela concessão aos palestinos da condição de Estado observador nas Nações Unidas.
Barbados, Bahamas, Jamaica e Trinidade e Tobago também declararam recentemente o reconhecimento oficial do Estado Palestino.
Palestinos agradecem, EUA rejeitam e Israel condena
Para agradecer a decisão dos três países europeus, o Presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahamoud Abas, apelou em comunicado aos países do mundo, especialmente os países europeus que ainda não o fizeram, a reconhecerem o Estado da Palestina de acordo com a solução de dois Estados, baseada em resoluções de legitimidade internacional e nas fronteiras de 1967.
No entanto, o conselheiro de segurança-nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, voltou a afirmar em conferência de imprensa que os EUA apoiam a solução de dois estados (Israel e Palestina), mas que isso deve ser alcançado pela negociação direta entre os dois lados, e não por pressão do reconhecimento unilateral da Palestina.
Já o ministro israelense da Segurança Nacional, Ben Gvir, afirmou que “os países que reconhecem a Palestina recompensam o Hamas, os assassinos, os abusadores”. O primeiro-ministro de Israel, Benjamim Netanyahu, chamou a iniciativa de Espanha, Irlanda e Noruega de “recompensa ao terror”.
Caminho para a paz
“Queríamos reconhecer a Palestina no final de um processo de paz, mas fizemos esse movimento ao lado da Espanha e da Noruega para manter vivo o milagre da paz. Peço novamente ao primeiro-ministro de Israel, Netanyahu, que ouça o mundo e pare com a catástrofe humanitária que estamos vendo em Gaza”, declarou o primeiro-ministro irlandês, Simon Harris, em comunicado de imprensa.
Pedro Sánchez, Presidente do governo espanhol, anunciou a decisão em discurso televisionado. “É a única maneira de avançar em direção ao que todos reconhecem como a única solução possível para alcançar um futuro pacífico, um Estado palestino que viva lado a lado com o Estado israelense em paz e segurança”.
“Durante mais de 30 anos, a Noruega tem sido um dos mais fortes defensores de um Estado palestiniano. O reconhecimento da Palestina como um Estado pela Noruega representa hoje um marco nas relações entre a Noruega e a Palestina”, afirmou o Ministro dos Negócios Estrangeiros norueguês, Espen Barth Eide.
30 anos dos acordos de Oslo
Oslo, capital da Noruega, foi sede dos acordos de paz assinados em 1993 entre palestinos e israelenses. Os acordos previam a retirada das forças israelenses da Faixa de Gaza e Cisjordânia, assim como o direito dos palestinos ao autogoverno nos territórios governados pela Autoridade Nacional Palestina.
Apesar das críticas ao que ficou acertado entre as duas partes em Oslo, sequer o que ali estava acordado foi cumprido. Os dois protagonistas da época foram assassinados. Yasser Arafat, líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), teria sido envenenado por Polônio 10. Já Ytzhak Rabin, então primeiro-ministro israelense, foi morto a tiros por um judeu ortodoxo de extrema-direita.
Por Henrique Acker (correspondente internacional)
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Fontes:
https://www.swissinfo.ch/por/quais-pa%C3%ADses-reconhecem-o-estado-palestino%3F/78914023
https://www.dw.com/pt-br/noruega-irlanda-e-espanha-reconhecem-estado-palestino/a-69203306
https://youtu.be/X-NMA343O-4?si=UU1bbP0nKp-kWQ2s
https://english.wafa.ps/Pages/Details/144320
https://english.wafa.ps/Pages/Details/144500
https://pt.wikipedia.org/wiki/Acordos_de_paz_de_Oslo
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/11/131106_arafat_q_a_envenenamento_mm