La Liga, organizadora do Campeonato Espanhol, desenvolveu uma plataforma para que os próprios torcedores denunciem casos de discriminação racial nas arquibancadas. A entidade é acusada de falta de uma ação objetiva e contundente nos vários casos de racismo ocorridos na temporada passada na competição, 11 deles tendo o craque brasileiro Vinícius Júnior, atacante do Real Madrid, como vítima.
O aplicativo chamado LaLiga versus Racismo, é, segundo La Liga, a primeira iniciativa para passar a combater com rigor os insultos discriminatórios na temporada 2023/2024.
“É uma plataforma para agregar tudo o que a gente faz. Será um canal de informação para a imprensa, para o torcedor, para entender realmente o que a LaLiga faz e por quê’’, diz Daniel Alonso, delegado da LaLiga no Brasil.
“O que vamos fazer? O que está na nossa mão, que é formação, pedir para os clubes serem mais rigorosos com quem comete crime em seus estádios. Todo mundo é racista? Não. O clube pode banir esse torcedor”, complementa.
Sob o lema “a força do nosso futebol”, a LaLiga afirma ter o compromisso de gerar “impacto positivo na sociedade”. Mudou o logotipo, a identidade visual e o patrocinador principal que agora é a EA Sports.
Entretanto, as alterações, segundo a entidade, não são somente estéticas. Também promete agir contra a intolerância.
Os representantes da LaLiga afirmam ter solicitado poder de punir esportivamente os clubes cujos torcedores sejam racistas nos estádios. Também, desejam autonomia para fechar arenas, tirar pontos das equipes e aplicar multas.
Entretanto, isso não foi possível. Ao menos por enquanto. As ideias elaboradas com o objetivo de reduzir as ofensas discriminatórias nos estádios da Espanha surgiram por meio de um grupo convocado pela LaLiga com integrantes de diferentes países, incluindo pessoas que já sentiram na pele o preconceito.
Daniel Alonso, delegado da LaLiga no Brasil, reconheceu erros da organização na condução dos casos de racismo sofridos por Vini Jr. nas últimas temporadas.
“Temos que, humildemente, reconhecer que o problema não estava sendo abordado com a intensidade que merecia”, admitiu.
“O público e a imprensa não sabiam o que a gente estava fazendo. Foi um erro nosso não comunicar o que estava sendo feito e o que não estava na nossa mão”, salienta.
No mês de maio, após mais um ataque racista onde foi chamado de “macaco” por torcedores do Valencia, no estádio Mestalla, casa do Valencia, o brasileiro disse que a LaLiga normaliza o racismo, apontou o Espanhol como o “campeonato dos racistas” e alertou para a imagem negativa que a Espanha tem passado ao mundo em razão do comportamento de torcedores.
Javier Tebas, presidente da La Liga, rebateu. Chegou a dizer que os casos eram “extremamente pontuais”, minimizou a gravidade dos incidentes e insinuou que o brasileiro estava sendo manipulado. Depois, teve de se desculpar.
“Não comunicar certo foi a única falha? Não. Tivemos algumas falhas. Mas o que não pode ficar em dúvida é nosso compromisso contra o racismo”, assume Alonso.
“Quando um atleta não entende que a gente o está protegendo, temos de comunicar melhor. A gente vai comunicar melhor, mas vai trazer novas ações para combater o racismo”, finaliza. (Foto: La Liga/Reprodução)