Por Henrique Acker – O encontro entre o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, ocorrido na terça-feira (18 de fevereiro) na Arábia Saudita, resultará na formação de equipes de “alto nível” para debater os termos da paz na Ucrânia.
Os representantes dos dois países não anunciaram os termos do acordo de paz, mas os russos deixaram claro o que desejam e o que não aceitam. Caberá às equipes dar sequência aos pontos da negociação, com a incorporação de representantes tanto da União Europeia quanto da Ucrânia.
Rubio e Lavrov concordaram em “lançar as bases para uma futura cooperação sobre questões geopolíticas de interesse comum e as oportunidades econômicas e de investimento históricas que surgirão de uma resolução bem-sucedida do conflito na Ucrânia”, informou a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce.
Rússia não quer tropas da OTAN na Ucrânia
Já o ministro russo reafirmou os termos básicos de uma paz duradoura para o seu país. Segundo Lavrov, a adesão da Ucrânia à OTAN e a fixação de tropas europeias e estadunidenses em território ucraniano é inaceitável para a Rússia.
“Tenho razões para acreditar que os americanos começaram a compreender melhor a nossa posição”, declarou Lavrov em conferência de imprensa, descrevendo a conversa como “útil”.
Em visita à Turquia, o presidente ucraniano Volodymiyr Zelensky voltou a criticar o encontro entre EUA e Rússia. Para ele, não faz sentido uma “conversa sobre a Ucrânia, sem a Ucrânia”. Ainda assim, Zelensky deve participar de reunião com negociadores estadunidenses nesta quarta-feira, 19 de fevereiro, em Riad.

Europeus sem acordo
Visivelmente contrariados com a posição dos EUA de iniciar negociações de paz sem a UE e a Ucrânia, os líderes europeus não chegaram a um acordo em Paris sobre como intervir no conflito entre Rússia e Ucrânia, de forma a manter seu apoio ao governo de Kiev.
Apesar da posição favorável do primeiro-ministro britânico Keir Starmer, os primeiros-ministros da Alemanha, Olaf Sholz, e da Polônia, Donald Tusk, declararam-se contra o envio dos exércitos de seus países para a Ucrânia.
O primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez afirmou que qualquer acordo entre a Ucrânia e a Rússia não deve “cometer os mesmos erros do passado”, permitindo que Vladimir Putin volte a anexar território estrangeiro no futuro. Sánchez acredita que os esforços para restaurar a paz “devem reforçar o projeto europeu e a ordem multilateral”.
Na imagem destacada, delegações dos governos da Rússia (esquerda) e dos EUA (direita) reuniram-se em Riad, Arárbia Saudita, para iniciar negociações de paz sobre a guerra da Ucrânia. (Foto: Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia via EPA)
Por Henrique Acker (correspondente internacional)
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