Por Henrique Acker (correspondente internacional) – A Semana Santa foi marcada por conversações no cenário internacional. O presidente francês, Emannuel Macron, e a presidente da União Européia (UE), Ursula Van Der Leyen (foto), estiveram em Pequim para conversar com Xi Jinping sobre a guerra da Ucrânia e as relações da UE com Pequim.
Antes de seguirem para a China, Macron e Ursula Van Der Leyen deram declarações sobre as expectativas das conversas com Xi Jinping. Emmanuel Macron advertiu que, para o Ocidente, quem ajudar a “agressora” Rússia tornar-se-á “cúmplice” da guerra em território ucraniano. Já a presidente da Comissão Europeia, considera que os laços entre Xi e Putin serão um “fator determinante para as relações entre União Européia e China”.
Já em Pequim, o presidente francês disse ao homólogo chinês que conta com ele para “trazer a Rússia de volta à razão”, no conflito na Ucrânia. Xi Jinping afirmou que espera que as negociações para a paz se reiniciem o mais rápido possível e se alcance uma solução política e um quadro de segurança equilibrado, eficaz e sustentável.
Guerra, acordos e declarações
Volodomir Zelensky, por sua vez, reuniu-se com o presidente da Polônia, Andrzej Duda, em Varsóvia. Na pauta a possibilidade da Polônia capitanear um grupo de países para fornecer mais armas e munições à Ucrânia, já incluindo um segundo lote de aviões de combate Mig-29, das forças aéreas polonesa e da Eslovênia.
Já o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, esteve na Turquia para uma visita oficial de dois dias, e foi recebido pelo ministro turco da mesma pasta, Mevlut Cavusoglu. Trataram de questões internacionais, incluindo o conflito na Síria e a invasão russa à Ucrânia, além de um acordo sobre o comércio de grãos. Em declaração à imprensa, Lavrov afirmou que as negociações para a paz na Ucrânia dependem de uma nova ordem mundial, em que não se verifique um domínio norte-americano e leve-se em conta os interesses russos.
Em Moscou, Vladimir Putin recebeu Aleksandr Lukashenko, presidente da Bielorrússia, para tratar de possíveis deslocamentos de armas de propulsão nuclear e tropas russas para aquele país, em resposta à adesão da Finlândia a OTAN. Por sua vez, a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, esteve com o presidente da Câmara dos Representantes do Congresso dos EUA, Kevin McCarthy, para pedir reforço à independência de seu país.
Macron fala de paz e Jiping pede multilateralismo
No encontro entre os dois presidentes, Macron disse a Xi Jinping que conta com a mediação da China no conflito ucraniano. “Sei que posso contar com você para trazer todos os lados para a mesa de negociações”, disse durante a reunião. De sua parte, Jinping reafirmou a necessidade de aprofundar as relações entre os dois países, visando a prática do verdadeiro multilateralismo e a defesa da paz mundial.
A visita de Macron não se resumiu a tratar da guerra da Ucrânia. Cerca de 60 empresários de grandes companhias francesas participaram da comitiva, entre elas a Airbus, EDF, Alstom e Véolia. A Airbus, por exemplo, já tem planos para montar mais uma fábrica no sul da China. Também foram discutidos acordos de empresas francesas da área de energia para novos empreendimentos no país.
O deslocamento à China foi uma oportunidade para Emannuel Macron aplacar sua baixa popularidade na França, conturbada por uma nova greve geral, realizada em 6 de abril. Apenas 29% dos franceses estão satisfeitos com a sua atuação, segundo uma pesquisa de opinião publicada na terça-feira (4) pelo instituto Ifop-Fiducial. O nível de popularidade de Macron é o mais baixo desde a crise dos coletes amarelos, em 2019.
China defende reunificação com Taiwan
Antes mesmo do Presidente francês deixar a China, a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, afirmou, em conferência de imprensa, que a “questão” de Taiwan não é sobre “democracia ou autoritarismo”, mas sim de “integridade territorial e soberania” da China.
“O futuro de Taiwan está na reunificação e o bem-estar do seu povo depende do rejuvenescimento da nação chinesa”, disse Mao, acrescentando que as “diferenças entre os sistemas de ambos os lados do Estreito [de Taiwan] não são um obstáculo à reunificação”.
Horas antes, a China anunciou a imposição de sanções ao representante de Taiwan nos EUA, Hsiao Bi-khim, por – segundo Pequim – pedir o apoio dos EUA aos planos de independência da ilha. (Foto Reuters)
Por Henrique Acker (correspondente internacional)