A Embaixada do Vietnã no Brasil realizou na noite da última terça-feira (20) uma coletiva com a imprensa brasileira – com a participação do Opinião em Pauta – para falar sobre a situação política, econômica e social do País e das novas parcerias estratégicas com a comunidade internacional, e, em especial das relações com o Brasil. Na apresentação, o embaixador vietnamita no Brasil, Bui Van Nghi disse que o País alcançou conquistas significativas ao implementar uma política exterior baseada no pensamento de Ho Chi Minh, sob a liderança do Partido, chefiado pelo Secretário Geral Nguyen Phu Trong.
Segundo ele, o país, que antes passou por embargo e isolamento, conseguiu se expandir e aprofundar as relações diplomáticas com 193 países, estabelecendo parcerias abrangentes com todos os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas e relações econômicas e comerciais com 230 países e territórios.
“O Vietnā tem demonstrado com eficiência seu papel como amigo e parceiro confiável para a comunidade internacional tendo proposto diversas iniciativas, participando ativamente e de forma eficaz nas atividades da ASEAN, das Nações Unidas e de várias outras organizações internacionais”, disse Nghi.
“Na primeira metade de 2024, o Vietnã organizou com sucesso várias visitas estrangeiras de altos líderes e recebeu numerosos chefes de Estado e líderes de alto nível de vários países, aprofundando as relações em política, economia, diplomacia, defesa e segurança. Continua a estabilizar e fortalecer as relações com países, especialmente com parceiros estratégicos abrangentes e estados vizinhos”, acrescentou.
Economia
Cinquenta e cinco anos após a implementação do Testamento de Ho Chi Minh e quase 40 anos após o início da reforma “Doi Moi”, o Vietnã saiu do grupo de países de baixa renda em 2008 e está se encaminhando para se tornar um país de renda média alta até 2030. Segundo o embaixador, o tamanho do PIB vietnamita tem se expandido continuamente, atingindo aproximadamente 430 bilhões de USD em 2023, tornando o Vietnã a 5ª maior economia do ASEAN e a 35ª maior entre as 40 maiores economias do mundo. “Além de ter garantido a segurança alimentar, tornou-se um dos principais exportadores mundiais de arroz e outros produtos agrícolas”, disse.
Ainda conforme Bui Van Nghi, a “indústria e os serviços se desenvolveram bastante rapidamente, aumentando continuamente e agora representam cerca de 88% do PIB. O volume total de importação e exportação aumentou significativamente, alcançando quase 700 bilhões de USD em 2023, com as exportações ultrapassando 355 bilhões de USD e um superávit comercial recorde de 28 bilhões de USD; o Vietnã se tornou o 20º maior parceiro comercial global”.
Atualmente, a nação vietnamita é conhecida por abranger economia aberta, com Acordos de Livre Comércio (FTAs) com 60 economias, facilitando a expansão e o acesso de empresas vietnamitas aos mercados globais. Até 20 de julho de 2024, o país teve 1.816 novos projetos de investimento estrangeiro com um capital registrado de 10,76 bilhões de USD, um aumento de 11,6% no número de projetos e 35,6% no capital registrado em comparação com o mesmo período de 2023.
“O investimento estrangeiro realizado alcançou 12,55 bilhões de USD, um aumento de 8,4% em relação ao mesmo período do ano passado, marcando o nível mais alto de implementação nos primeiros sete meses de 2020-2024”, destacou. No que diz respeito ao setor empresarial, o embaixador ressaltou que o país está gradualmente se recuperando após vários meses de dificuldades, com o número de novas empresas entrando no mercado continuando a superar o número de empresas que saem do mercado.
Relações comerciais e diplomáticas com o Brasil
Nigh explicou que o ano de 2023 foi particularmente significativo para o fortalecimento da parceria abrangente entre Vietnã e Brasil. Após a pandemia de COVID-19, os países reiniciaram intercâmbios em diversos níveis. As relações continuaram a ser mantidas através de todos os canais, com líderes de alto nível também participando de intercâmbios em organizações internacionais e fóruns multilaterais, notavelmente com a visita do Primeiro-Ministro Pham Minh Chinh ao Brasil em setembro de 2023.
Atualmente, o Brasil se encaixa como o maior parceiro comercial do Vietnã na América Latina, com um volume comercial alcançando USD 7,11 bilhões em 2023, um aumento de 5% em relação a 2022. As exportações do Vietnã para o Brasil totalizaram USD 2,44 bilhões, enquanto as importações alcançaram USD 4,67 bilhões. As exportações do Vietnā incluem produtos como frutos do mar, bolsas, carteiras, malas, chapéus, guarda-chuvas, têxteis, materiais têxteis, artigos de couro, máquinas e equipamentos, veículos de transporte e peças, diversos tipos de aço, produtos de aço, outros metais não ferrosos, computadores, produtos eletrônicos e componentes, brinquedos, equipamentos esportivos e peças.
Por outro lado, o Vietnā importa do Brasil matérias-primas que atendem às necessidades de produção doméstica e produção para exportação, como frutas e vegetais, milho, matérias- primas para tabaco, plásticos em bruto, máquinas, equipamentos e outras peças de reposição, trigo, soja, ração e matérias-primas para animais, produtos químicos, madeira e produtos de madeira, e diversos tipos de algodão.
Em termos de política e diplomacia, 2024 é o primeiro ano de implementação do Comunicado Conjunto entre os líderes dos dois países durante a visita oficial do Primeiro- Ministro Pham Minh Chinh ao Brasil. Notavelmente, 2024 marca uma forte determinação em elevar as relações entre os dois países a um novo nível. Isso é evidenciado por visitas de alto nível, diálogos eficazes e cooperação aprimorada através de diversos canais, como diplomacia partidária, diplomacia estatal, diplomacia parlamentar e diplomacia popular.
“Ambos os países também estão focando na promoção da cooperação em áreas como agricultura, ciência e tecnologia, cultura, tecnologia aeroespacial, esportes, turismo e intercâmbio entre povos. Neste ano, ministérios e setores precisam propor proativamente iniciativas e implementar efetivamente os compromissos assinados”, explicou o Embaixador.
(Foto: Opinião em Pauta)