Em uma década, Brasil despencou 21 posições em índice global de progresso social

O país ocupa atualmente a 67ª posição no Índice de Progresso Social (IPS), que mede o desempenho das sociedades com base em resultados sociais e ambientais, e não apenas em indicadores econômicos

 

O Brasil despencou 21 posições no Índice de Progresso Social (IPS) nos últimos dez anos, caindo da 46ª colocação, em 2014, para a 67ª, este ano, alcançando 61,83 pontos de 100.  No cenário internacional, o índice é comparável ao nível medido de nações como México, China e Rússia.

Esta queda reflete um agravamento nos níveis de desigualdade social e econômica do país, apesar dos esforços para melhorar o bem-estar da população, de acordo com levantamento IPS Brasil 2024, divulgado nesta quarta-feira (3). O IPS mede o desempenho das sociedades com base em resultados sociais e ambientais, e não apenas em indicadores econômicos, como a renda.

A pontuação do Brasil no IPS 2024 revela que, de modo geral, o resultado foi negativo. Entre os componentes do índice, nutrição e cuidados médicos básicos, acesso à água e saneamento e moradia são áreas críticas em que o Brasil enfrenta dificuldades. A segurança pessoal também é um ponto de preocupação significativa, mostra o levantamento, impactando diretamente a qualidade de vida dos brasileiros.

A nota geral do Brasil é o resultado médio de um mix de 300 indicadores avaliados até chegar a 52, entre órgãos oficiais e de institutos de pesquisa, como o DataSUS, Conselho Nacional de Justiça, Mapbiomas, Anatel e CadÚnico. O país atingiu, por exemplo, pontuação de 61,83 em Nutrição e Cuidados Médicos Básicos, 70,51 em Água e Saneamento, e 77,79 em Moradia, enquanto Segurança Pessoal ficou com 58,27 e Acesso ao Conhecimento Básico com 71,82.

Os resultados do IPS indicam que o progresso social global está avançando lentamente, com desafios adicionais impostos pela pandemia da covid-19, que afetou negativamente a saúde e os direitos humanos em várias partes do mundo. Pela primeira vez, o IPS calculou o bem estar da população a partir de dados oficiais, em todas as cidades brasileiras.

Entre os municípios brasileiros com melhor desempenho, destacam-se cidades do estado de São Paulo, que apresentam notas altas em diversos indicadores. Por exemplo, no componente de Água e Saneamento, os municípios paulistas estão entre os melhores, refletindo investimentos contínuos em infraestrutura básica que garantem acesso a serviços essenciais para a população. Outras cidades do Sudeste e também do Sul do Brasil se destacam em Moradia, com notas que chegam a 77,79, número que é acima da média se comparado ao resto do Brasil.

No entanto, a realidade é bastante diferente em outras partes do país. Na Amazônia Legal, por exemplo, a situação é crítica, especialmente no que diz respeito ao acesso a serviços básicos. O componente de Água e Saneamento na região apresenta notas muito baixas, refletindo a falta de infraestrutura adequada e a dificuldade em fornecer serviços essenciais para uma população dispersa e em áreas de difícil acesso. A Segurança Pessoal também é um grande desafio, com notas particularmente baixas na costa da Região Nordeste e em grande parte da Amazônia Legal, onde a violência e a criminalidade são problemas graves.

A análise regional mostra que os melhores resultados em Educação são encontrados nos estados de São Paulo, Ceará e Goiás. Diferentemente de estados como Pará e Bahia, que apresentam os piores desempenhos na área. O documento reforça que essas disparidades regionais são um reflexo das desigualdades históricas no Brasil e evidenciam a necessidade de políticas públicas que possam corrigir essas diferenças. De acordo com a pesquisa, o declínio do Brasil no ranking do IPS serve como um alerta para a urgência de ações coordenadas que promovam a inclusão social e o desenvolvimento sustentável.

“O componente Inclusão Social busca garantir que todos os indivíduos tenham acesso equitativo a oportunidades e recursos, independentemente de sua origem, raça, gênero, orientação sexual, condição socioeconômica ou deficiência”, diz a pesquisa.

(Foto: Lilo Clareto/Amazônia Real)

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