Na manhã desta quinta-feira, 28, durante execução da Operação Cobiça, em Itaituba, no Estado do Pará, agentes da Polícia Federal tiveram que usar explosivos e conter a fúria do comandante do 15º. Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Campos, que se rebelou contra o cumprimento de mandado de busca e apreensão, destruindo, na frente dos policiais federais, três telefones celulares de sua propriedade – conforme relata uma fonte.
A reação do oficial da PM ocorreu quando os agentes realizavam buscas em todos os cômodos da residência.
A porta de um dos quartos da residência do tenente-coronel estava fechada, sem que alguém da casa providenciasse a abertura do mesmo. Ato contínuo, agentes da PF usaram explosivos e derrubaram a porta.
Nesse momento, o oficial da PM reagiu: quebrou os celulares e se negou a colaborar. Os policiais, então, deram ordem de prisão ao PM Campos.
O oficial foi conduzido a um carro da Polícia Federal, juntamente com um acervo de materiais apreendidos na residência.
Outro oficial preso.
Segundo ainda a mesma fonte, na casa do comandante do Comando de Policiamento Regional X (CPR-X), coronel Pedro, foi feito o cerco do imóvel por volta de 6 da manhã.
Depois de adentrarem a casa, os agentes da PF iniciaram ampla revista para busca e apreensão. Diante dos agentes, coronel Pedro se recusou a abrir a porta de um determinado cômodo, obrigando as autoridades a derrubarem o obstáculo usando explosivos – como também haviam feito na casa do PM Campos.
Após os procedimentos, a PF deu voz de prisão ao militar, que também foi conduzido à sede da Polícia Federal de Itaituba, juntamente com o material apreendido,
Os agentes da Polícia Federal, durante permanência em Itaituba, realizaram também busca e apreesnsão nas residências do Major Jarlisson, Capitão Scalabrin, Sargentos Mendes, Vinícius, Jackson e Carneiro e Cabo Sales,
Por volta as 7 horas, outra equipe da Polícia Federal por volta de 7 da manhã, foi até a sede do CPR X, realizando busca e apreendendo equipamentos.
Para a realização desta ação, a PF foi obrigada a usar mais uma vez explosivos, derrubando a porta da sala do comandante da corporação.
Outros materiais também foram levados das demais seções da companhia.
Durante a Operação Cobiça, a PF realizou a apreensão de um veículo tipo Corolla pertencente ao Sargento Vinícius.
O Coronel Pedro e o Tenente Coronel Campos encontram-se detidos na sede da PF de Itaituba. Posteriormente serão transferidos para Belém em avião da própria Polícia Federal, de acordo com informação colhida pelo portal Opinião em Pauta.
Abaixo, agentes da PF na porta da casa de um dos comandante da PM, em Itaituba.
Nosso portal encontra-se aberto para publicar a versão das pessoas citadas nesta matéria,
Operação Cobiça
Deflagrada nesta quinta-feira (28) pela Polícia Federal (PF), a operação Cobiça prendeu o Tenente Coronel Campos, comandante do 15º Batalhão de Polícia Militar (15º BPM) de Itaituba e o Coronel Pedro, comandante do Comando de Policiamento Regional X (CPR-X).
A operação Cobiça, voltada ao combate a crimes ambientais na região do Tapajós, foi a campo para cumprir 21 mandados de busca, quatro mandados de prisão, sequestro de bens e medidas cautelares de afastamento da função pública. A suspeita é que servidores públicos, entre eles, os oficiais e outros militares, participam de organização criminosa na cadeia produtiva do ouro ilegalmente.
Os mandados estão sendo cumpridos em Santarém, Itaituba, Altamira, Rio de Janeiro e Goiânia. Foram presos preventivamente dois servidores públicos (segundo apuração de O Impacto foram os dois oficiais de Itaituba), e dois empresários. Foram apreendidos ao menos oito carros de luxo, celulares, joias e quantidade ainda não contabilizada de ouro e dinheiro.
A investigação apontou que os servidores públicos investigados receberam, durante meses sucessivos, pagamentos de empresas e outras pessoas investigadas pela comercialização de ouro de terras indígenas e de área de reserva legal. O dinheiro seria para que os servidores públicos facilitassem ou não reprimissem os crimes ambientais cometidos pelas empresas, além de atuarem na logística e segurança do ouro ilegal. Há fortes indícios de que o ouro comercializado pela organização criminosa provém de garimpos localizados no interior e região de entorno da Terra Indígena Munduruku. Essa é uma das terras indígenas mais devastadas pelo crime e que está, no momento, em processo de desintrusão em grande operação, também com participação da Polícia Federal.
Um dos investigados teria recebido R$ 4 mil por mês, como parte da organização criminosa, para não embaraçar o negócio ilegal; outros dividiam R$ 10 mil mensais, com a função de estar à disposição das empresas, inclusive em horários de expediente e usando carro e outros materiais de trabalho institucionais.
Outro dos investigados é empresário que já havia sido condenado três vezes por tráfico de drogas, além de ter condenações por receptação, tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação para o tráfico.
Na atual operação, os crimes investigados são: lavagem de dinheiro, usurpação de bens da União e organização criminosa.
Como surgiu
A operação Cobiça surgiu a partir da operação Ganância, da Polícia Federal em Rondônia, em 2022, que investigou desvio de recursos públicos federais na prestação de serviços de UTI aérea.
As empresas envolvidas no esquema teriam causado dano ambiental em área de 212 hectares, extraindo quantidade de minérios superior à permitida na guia de utilização expedida pela Agência Nacional de Mineração (ANM). As empresas declararam extrair minérios de terra indígena e de locais onde ela não teve atividade.
Entre 2020 e 2021, o grupo econômico teve um rendimento estimado superior a R$ 1 bilhão, extraindo muito mais minérios do que o autorizado, em locais proibidos. (com informações da PF)