Ato é parte do Acampamento Nacional “Juventude em Luta, por Terra e Soberania Popular”, que se encerra nesta terça. Jovens entregaram ao governo documento com 103 demandas para avançar nas pautas de defesa da agroecologia sustentável e das demandas dos jovens do campo
Cerca de dois mil jovens da Via Campesina realizaram uma marcha no fim da manhã desta terça-feira (17), na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para chamar atenção para pautas defendidas pela juventude camponesa, entre elas, a retomada do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), a contrariedade à aprovação do Marco Temporal, do PL do Veneno, do mercado de carbono no Congresso Nacional e a necessidade de ampliação do orçamento para políticas públicas ligadas à agricultura camponesa.
Essas pautas compõem a “Plataforma da Juventude”, um documento com 103 demandas dos jovens, que foi entregue ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), que além dessas questões concretas, pauta a dimensão do fortalecimento da produção de alimentos saudáveis e o abastecimento, o direito à terra e território e a conquista de direitos sociais, como educação, cultura, crédito, entre outros. A Marcha pauta a permanência da juventude no campo, nas florestas e nas águas, combatendo a fome e a crise ambiental.
O ato teve início no Teatro Nacional e percorreu a Esplanada dos Ministérios. A marcha foi a última ação pública do Acampamento Nacional “Juventude em Luta, por Terra e Soberania Popular”, que está instalada no ginásio Nilson Nelson desde o último dia 13. Entre as organizações que participam do Acampamento, estão MST, MPA, MAB, MAM, MMC, PJR e Conaq. “É o momento para dialogarmos com a sociedade sobre as pautas centrais para a juventude do campo, das águas e das florestas”, explica Renata Menezes, da direção nacional do MST e militante da Via Campesina.
Para Menezes, a ação também tem um caráter de denúncia. “Ajudamos a eleger este Governo, mas precisamos que medidas concretas para nossa juventude sejam efetivadas e isto passa também por barrarmos por projetos prejudiciais às famílias camponesas no Congresso Nacional”, destaca.
“Estamos em marcha, inaugurando uma jornada de lutas em torno da plataforma da Via Campesina, em torno de várias propostas concretas para elevar a qualidade das populações que vivem no campo, nas águas e nas florestas. Um dos objetivos dessa marcha é colocar na ordem do dia: reforma agrária, a água-ecologia, a educação enquanto uma bandeira fundamental (…) universidade popular camponesa, queremos o fim do fechamento das escolas no campo (…)”, explicou Nayara, integrante do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) e Via Campesina.
As demandas apresentadas ao MDA são divididas em 11 categorias: participação popular, alternativas populares à crise ambiental, terra e território, produção de alimentos saudáveis e abastecimento popular, combate à desigualdade, educação, trabalho e renda, cultura, comunicação, direitos humanos e saúde. O documento pede a priorização da participação dos jovens de movimentos sociais no Conselho Nacional da Juventude, destinação de 30% dos assentamentos da reforma agrária para jovens sem-terra, investimento de pelo menos R$ 2 bilhões no Programa Nacional de Educação em Áreas de Reforma Agrária, concessão de bolsas de R$ 2,1 mil para manter os jovens no campo, criação de mil bolsas para financiar agentes populares jovens de desenvolvimento territorial para atuar na articulação política no campo e na meta de recuperar 12 milhões de hectares de áreas degradadas até 2030, como estabelecido pelo Brasil no Acordo de Paris.
Pautas além da juventude
A Plataforma da Juventude também marca posição sobre pautas que estão na ordem do dia do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, como a descriminalização do aborto, o combate à criminalização das drogas. Também estão no documento a defesa da revogação do novo ensino médio, criado no governo Michel Temer e a rediscussão sobre essa etapa da educação pública; a universalização da internet banda larga nas comunidades rurais; criação de capacitação em cinema e audiovisual com bolsas para formar 30 mil jovens por ano; subsídio para aquisição de smartphones; criação de observatório de violência de gênero e LGBTQIA+ no Campo e criação de mil rádios comunitárias no campo.
(Foto: Mídia Ninja)