Instituto Ampla garante empate entre Chamonzinho e Toni Cunha. Doxa e Acertar asseguram liderança do emedebista
João Salame (*) – A exemplo de Belém, as pesquisas eleitorais não falam a mesma língua em Marabá. Pelo menos as que foram publicadas nos últimos dias, numa campanha que está adquirindo contornos de radicalização, principalmente entre as campanhas dos deputados Chamonzinho (MDB) e Toni Cunha (PL), que se alternam em acusações dirigidas a um e outro.
Neste sábado (14), o Instituto Ampla, conhecido por fazer pesquisas em Marabá e região, divulgou levantamento assegurando que, se as eleições ocorressem hoje, existiria um rigoroso empate entre as candidaturas de Chamonzinho e Toni Cunha.
O levantamento, feito entre os dias 9 e 12 de setembro, aponta que, na escolha espontânea, Toni Cunha lidera, com 29,5%, em empate técnico com Chamonzinho, que crava 27,5%. Dirceu aparece com 6,3%. Os indecisos somam 4,4%; não responderam 0,5% e pretendem votar em branco ou nulo 4,4%. Chama a atenção o baixo número de indecisos da pesquisa na questão espontânea.
Na pergunta estimulada, Ampla diz que Toni Cunha tem 39,4% das intenções de voto; Chamonzinho tem 39% e Dirceu 9,4%. Os indecisos somam 3,3%; não sabem em quem votar 5,5%; não responderam 0,4% e 3,1% pretendem votar em branco ou anular o voto.
A rejeição apontada é de 36,5% para Dirceu ten Caten; 23,4% para Toni Cunha e 20,4% para Chamozinho. Segundo a pesquisa, 67,3% dos entrevistados afirmam que sua definição em relação ao voto é definitiva; 29,1% admitem que podem mudar de voto e 3,6% não souberam responder. A pesquisa foi registrada no T.R.E. sob o número PA-06003/2024.
Já o Instituto Doxa realizou pesquisa eleitoral em Marabá entre os dias 2 e 6 de setembro. Pelo levantamento, na pergunta espontânea, Chamonzinho lidera, com 36,0% das intenções de votos. Toni Cunha vem em segundo, com 15,2% e Dirceu ten Caten em terceiro, com 4,7%. Os indecisos somam 30,5% e os que pretendem votar em branco ou anular os votos são 13,6%.
Na estimulada, segunda a Doxa, Chamonzinho vai a 53,1%; Toni Cunha tem 25,2% e Dirceu ten Caten crava 9,9%. Os indecisos são 7,8% e os que pretendem votar em branco ou nulo são 4,0%. Ainda segundo a Doxa, a rejeição dos candidatos é a seguinte: Dirceu (27,8%), Toni Cunha (23,4%) e Chamonzinho (11,1%). A pesquisa foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral sob o número PA-00580/2024.
Já o Instituto Acertar realizou pesquisa em Marabá entre os dias 28 de agosto e 1 de setembro. Pelo levantamento, na citação espontânea, Chamonzinho tem 32,9% das intenções de voto. Seguido por Toni Cunha, com 17,5% e Dirceu, com 5,1%. Os indecisos somavam 41,0%, quem pretendia votar em branco ou nulo eram 2,5% e 1,8% indicavam outros candidatos.
Na pergunta estimulada, Chamonzinho aparece na liderança, com 52,1%; Toni em segundo, com 26,2% e Dirceu em terceiro, com 9,8%. Os indecisos somavam 7,3% e quem pretendiam votar nulo ou em branco eram 4,6%. No item rejeição, Dirceu lidera, com 38,3%; Toni tem 32,3% e Chamonzinho crava 16,4%. A pesquisa foi registrada no T.R.E. sob o número PA-08236/2024.
Algumas diferenças entre as 3 pesquisas chamam muito a atenção. Na Ampla o número de indecisos na espontânea é de apenas 4,4%. Na Doxa é de 30,5% e na Acertar de 41%. Na estimulada, o número de indecisos na Ampla é de 3,3%, na Doxa de 7,8% e na Acertar de 7,3%.
Na pesquisa Ampla a diferença a favor de Toni Cunha contra Chamonzinho é de 0,4%, num rigoroso empate técnico. Na Doxa, a diferença a favor de Chamonzinho vai a 27,9% e na Acertar Chamonzinho coloca 25,9% de frente em relação a Toni. Convenhamos: alguém está faltando com a verdade!
Nos últimos dias, as redes sociais em Marabá protagonizaram um embate virulento entre as candidaturas de Chamonzinho e Toni Cunha, com pesadas denúncias de ambas as partes. Tudo indica que a campanha não deve terminar bem em Marabá.
Enquanto Dirceu procura fazer sua campanha baseada em propostas, mas tendo a rejeição do PT a limitar o seu crescimento, Chamonzinho tem apresentado uma campanha plasticamente perfeita, mas com baixa orientação política e sem saber como responder aos ataques de Toni.
Já o deputado do PL tem conseguido avançar com uma campanha agressiva, mas que às vezes esbarra na sua própria personalidade, com posturas arrogantes de enfrentamentos desnecessários e pouco agregadores. No entanto, numa cidade com forte influência bolsonarista, Toni tem amealhado apoio crescente entre os empresários que estão irrigando a sua campanha
Com erros cometidos de lado a lado, os detalhes podem decidir a eleição em Marabá. A continuar no mesmo ritmo, a sociedade pode ficar atônita diante da virulência da campanha e, quem sabe, produzir alguma surpresa. O mais provável, no entanto, é que tenhamos uma das eleições de maior radicalização dos últimos anos, talvez só parecidas com as dos anos 90, quando os ex-prefeitos Nagib Mutran e Haroldo Bezerra se digladiavam. Ao contrário das últimas eleições, quando vitoriosos e derrotados saiam do processo como adversários, na deste ano tudo leva a crer que teremos inimigos após a abertura das urnas.
Quanto às pesquisas, só saberemos quem está falando a verdade quando o último voto for apurado. Enquanto isso, a sociedade paga o preço das manipulações.
(*) – João Salame é editor e articulista político do portal Opinião em Pauta.