Eleição na França: Extrema-direita avança, esquerda cresce e centro-direita perde força

Henrique Acker (correspondente internacional)    –  O resultado do primeiro turno da eleição francesa confirmou os prognósticos das pesquisas: a extrema-direita avançou (33,14% dos votos), o centro-direita de Emmanuel Macron foi rechaçado pelo eleitorado (20,76%) e a unidade das esquerdas (Nova Frente Popular – NFP) tornou-se a segunda força política do país, com 27,99%.

Na eleição mais concorrida das últimas décadas, 65,5% do eleitorado compareceu às urnas. O segundo turno será no próximo domingo, 7 de julho, e a polarização entre extrema-direita e esquerda deve dividir o eleitorado. A eleição francesa tem grande importância para a correlação de forças na União Europeia, que congrega 28 países do Velho Continente.

 

Frente contra o fascismo

Num gesto importante, Jean Luc Mélanchon (líder da França Insubmissa) anunciou que a Nova Frente Popular decidiu retirar suas candidaturas nos distritos em que outros partidos tenham melhores condições de derrotar os candidatos da extrema-direita no segundo turno.

No entanto, o primeiro-ministro macronista Gabriel Attal sinalizou que seu partido deve mesmo manter todas as candidaturas no segundo turno. Na eleição presidencial passada, a esquerda também retirou sua candidatura no segundo turno, o que permitiu a vitória de Macron contra Marine Le Pen, da extrema-direita.

 

 

Sistema misto

A eleição parlamentar francesa é decidida pelo voto por distritos eleitorais. São 577 deputados e, para ser eleito no primeiro turno, o candidato precisa obter 50% mais um dos votos do seu distrito. Caso contrário, todos os candidatos que obtiverem mais de 12% vão a um segundo turno.

O partido ou coligação política que conquistar mais cadeiras no parlamento deve ser convocado pelo Presidente para formar governo e nomear o primeiro-ministro. Cabe ao Presidente comandar a política externa do país, mas o orçamento, as leis e as emendas à Constituição são de responsabilidade do Parlamento.

Menos de 100 deputados deverão ter sua eleição confirmada neste primeiro turno. As demais cadeiras serão disputadas em 7 de julho. Para obter maioria simples um partido deve eleger 289 parlamentares, o que parece impossível tomando como base o resultado do primeiro turno.

 

Extrema-direita no interior, esquerda nas grandes cidades

A maior expressão eleitoral da extrema-direita está nos distritos do interior, sobretudo nas cidades do Sul e do Norte da França.

A força da Nova Frente Popular vem das grandes cidades. Em Paris a NFP venceu em 13 dos 18 distritos e elegeu nove deputados no primeiro turno. Já o partido de Macron encontra apoio nos bairros mais ricos da capital.

Em Marselha a NFP elegeu dois deputados e disputa o segundo turno com a extrema-direita em outros sete distritos. Em Lyon a NFP elegeu um deputado no primeiro turno e disputa o segundo turno com vantagem nos outros três distritos. Na cidade de Toulouse a NFP elegeu quatro deputados no primeiro turno e vai à frente para o segundo turno no único distrito que falta eleger.

 

Por Henrique Acker (correspondente internacional)

 

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Fontes:

BBC

Libération

DW

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