Por Henrique Acker – O Hamas e o Fatah, grupos de resistência palestina, foram chamados na segunda-feira (2 de dezembro) ao Cairo para negociar um cessar-fogo por 60 dias em Gaza. A proposta do governo do Egito inclui uma troca de prisioneiros palestinos por reféns israelenses.
Segundo fontes egípcias citadas pela Rádio Renascença, de Portugal, a troca ocorreria sete dias após a entrada em vigor da trégua. A proposta prevê que Israel mantenha presença militar em Gaza durante este período.
O documento inclui a reabertura da passagem de Rafah ainda em dezembro, e que a Autoridade Palestina supervisione o lado palestino com monitoração de países da Europa e supervisão israelense, além da retirada total do Hamas daquela região.
ONU suspende ajuda humanitária
Enquanto não se chega a um acordo de cessar-fogo, a crise em Gaza atinge um ponto crítico. A ONU anunciou a suspensão da ajuda humanitária, através de Kerem Shalom, o principal ponto de passagem de Israel para o território palestino.
De acordo com Philippe Lazzarini, chefe da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), a suspensão do serviço da ONU ocorre porque os caminhões com alimentos e gêneros de primeira necessidade “foram todos roubados” durante o transporte.
Além dos mais de 44 mil mortos e 105 mil feridos na ofensiva militar israelense contra Gaza, a ONU classifica a situação do território de “grave crise humanitária”, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica”.
Troca de acusações
Israel e o Hamas trocam acusações sobre os saques de mercadorias. Os israelenses apontam o próprio Hamas como responsável por desviar e vender a ajuda humanitária, para obter financiamento de suas atividades.
Já os palestinos acusam grupos oportunistas, e dizem que realizam operações para combater os desvios. Há também a atuação dos grupos fanáticos religiosos israelenses, que insistem em tentar impedir que a carga de ajuda humanitária chegue a Gaza.
Limpeza étnica e crimes de guerra
A ideia de um cessar-fogo de 60 dias em Gaza é inspirada no acordo alcançado no Líbano. Espera-se para 20 de fevereiro, data da posse de Donald Trump, que o novo governo dos EUA se pronuncie sobre os conflitos em Gaza e no sul do Líbano.
O governo israelense de Benjamin Netanyahu é acusado por representantes da ONU de genocídio na Faixa de Gaza e de utilizar a fome como arma de guerra. A acusação é corroborada pelo ex-chefe do Estado-Maior do Exército de Israel, Moshe Yaalon.
Em recentes entrevistas aos meios de comunicação de seu país, Yaalon acusou o atual governo de crimes de guerra e limpeza étnica em Gaza.
Por Henrique Acker (correspondente internacional)
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