O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) decidiu aumentar em 50% o número de membros da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) na Terra Indígena (TI) Tekoha Guasu Guavirá, que fica entre os municípios de Guaíra e Terra Roxa, na região oeste do Paraná, próxima à divisa entre o Brasil e o Paraguai.
Na noite de sexta-feira (3), quatro membros da comunidade Yvy Okaju (anteriormente chamada Y’Hovy), do povo Avá-Guarani, sofreram ferimentos a tiros. Entre os feridos, estão uma criança com um tiro na perna, um jovem atingido nas costas, outro indígena lesionado na perna e um quarto que teve o maxilar atingido por uma bala.
O Ministério da Justiça declarou que as iniciativas implementadas já conseguiram restaurar a tranquilidade na área. “As ações de prevenção estão sendo realizadas para impedir o aumento das tensões.”
A FNSP recebeu a notícia sobre o recente ataque à comunidade indígena por volta das 21 horas de sexta-feira, o que levou, no sábado, ao aumento do contingente divulgado pelo MJSP.
No mês de novembro anterior, a Portaria nº 812, emitida pelo Ministério da Justiça, permitiu, por um período de 90 dias, a utilização da Força Nacional de Segurança Pública para auxiliar a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) na área indígena.
Desempenho
Em resposta ao potencial de novos ataques, equipes de emergência foram mobilizadas para aumentar a vigilância na região, visando fortalecer a segurança e ajudar na realocação de residentes para zonas mais seguras dentro da comunidade. “A situação está sob monitoramento constante pelas forças de segurança, com intervenções planejadas para assegurar a proteção da população e reduzir novos perigos”, declarou o Ministério da Justiça e Segurança Pública em comunicado.
A Polícia Federal do Paraná está à frente das investigações em Guaíra para descobrir quem são os responsáveis pelos tiros.
Sob a direção da Polícia Federal, a Força Nacional de Segurança Pública está apoiando o patrulhamento visível em colaboração com a Polícia Militar do Paraná. As medidas de segurança visam prevenir futuros eventos de violência. “Todas as iniciativas estão sendo realizadas com a maior urgência para impedir a ocorrência de novos episódios violentos”, destaca o ministério.
A Guarda Municipal e a Funai estão monitorando o estado dos indígenas que se feriram, os quais foram levados à Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Guaíra e ao Hospital Bom Jesus em Toledo (PR), situado a 100 quilômetros do ponto onde ocorreram os disparos de arma de fogo.
Alvo de críticas
Embora a missão da Força Nacional de Segurança Pública seja proteger a segurança dos cidadãos, a preservação de bens e a manutenção da ordem pública nas comunidades, o desempenho das tropas durante os conflitos tem gerado críticas por parte de organizações que representam os povos indígenas.
Em uma declaração conjunta divulgada neste sábado (4), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), a Articulação dos Povos Indígenas do Sul do Brasil (Arpin Sul), a Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste (Arpin Sudeste) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) afirmam que a atuação da Força Nacional é marcada pela indiferença em relação aos acontecimentos na região. “Quando acionada repetidamente pela comunidade ou até mesmo por órgãos do governo federal, a força minimiza as denúncias e sempre chega em um momento tardio, após os indígenas terem enfrentado agressões.” (Foto: Cimi/Divulgação)