Edmilson fala de parceria com Lula e projetos para mulheres em Belém

O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, foi entrevistado em Brasília pela jornalista João Salame, abordando temas como a relação institucional com o governo Lula, os programas sociais que trabalha para viabilizar na prefeitura da capital do Estado do Pará, além de analisar o crescimento da extrema direita no país.

A seguir, a íntegra da entrevista.

 

 

Opinião em Pauta-  Prefeito, nosso Portal estreia no emblemático Dia Internacional da Mulher. O senhor é uma liderança importante da esquerda brasileira, que sempre defendeu as pautas de emancipação feminina. O que a sua gestão já fez de concreto em defesa dessas bandeiras?

 

Edmilson  – O Poder Público precisa ter um olhar especial para a luta das mulheres. Aqui em Belém, muitas vezes as mulheres enfrentam uma jornada tripla – cuidando dos filhos, cuidando da casa, e trabalhando para levar para casa o sustento desta família. Na maioria das vezes, é a mulher quem lidera a família.

Então há muitas ações transversais de governo para prover dar este apoio. Vou lhe dar alguns exemplos práticos: o Bora Belém, que auxilia mais de 17 mil famílias na cidade, é pago diretamente à mulher.

Nós capacitamos, através do Donas de si e do Banco do Povo, mais 1.500 pequenas e microempreendedoras que agora já podem pegar acima de R$ 5 mil para tocar seu negócio com juros subsidiados, muito abaixo do mercado.

Na Saúde da Mulher, temos os programas de atenção integral, com tratamento precoce de câncer de colo de útero e outras ações.

Eu diria que a prefeitura pensa em muitas direções, porque há também programas importantes de conscientização – como o “Não é não”, para coibir o abuso no transporte coletivo, ou o programa de dignidade menstrual, que distribui gratuitamente absorventes para as garotas e mulheres.

Enfim, a Prefeitura de Belém atua para apoiar, empoderar, dar voz, inserção e proteção social às belenenses.

 

Opinião em Pauta – Sua administração conviveu 2 anos com o governo Bolsonaro. Qual sua avaliação desse período do ponto de vista do relacionamento do governo federal com o município?

 

Edmilson – Bolsonaro foi péssimo, não pra mim, mas para Belém e para o Brasil. E como eu amo Belém, chega a me revoltar o que foi feito nos últimos quatro anos. O Bolsonaro não tem a dimensão do que é ser presidente. Não respeitou o pacto federativo. Não trabalhou em parceria com ninguém, arrumava briga todos os dias ao invés de pensar nas soluções para os problemas das pessoas… foi muito ruim e aqui eu quero dar um testemunho. Existe um teto financeiro  do Ministério da Saúde para as transferências feitas entre União e os Municípios. E há uma enorme distorção em cima de Belém. O resultado é que Belém perdeu dezenas de milhões, a maior parte disso concentrado nos anos do governo Bolsonaro. Dinheiro que não deixaria a gente ter entrado nesta crise que vivemos agora com os pagamentos da Saúde. Somente agora, com Lula, eu reuni com a Ministra da Saúde e nós devemos reaver mais de R$ 92 milhões que deixaram de transferidos para Belém. Mas dá pra gente dizer que Bolsonaro foi ruim em todas as áreas, nada andou. Agora é correr atrás do tempo perdido.

 

Opinião em Pauta-  Pesquisas recentes indicam dificuldades de sua gestão junto à opinião pública.  Como o senhor avalia esse possíveis desgastes? Quais as causas deles? O que está fazendo para enfrentar essa situação?

 

Edmilson – Eu não gosto muito de comentar pesquisas porque elas são retratos de um momento específico, né? E as coisas mudam muito, o tempo todo. Acho importante saber que os problemas que elas apontam, isso nos ajuda a melhorar e correr atrás do que a população de Belém está precisando.

Mas o fato é que Belém sofre com duas gestões de Duciomar e duas gestões de Zenaldo. Foram irresponsáveis com os recursos, quebraram a prefeitura.

Deixaram Belém num caos na saúde, na educação, na zeladoria, no lixo, no transporte.

E quando a gente começa o Governo, temos o apoio de um lado só – o lado do Governo do Estado com o Helder. Falta o lado do Governo Federal. Estes foram meus

dois primeiros anos: um cerco financeiro muito grande. Todo dia uma série de incêndios para apagar.

Mas eu sou otimista, acho que o pior está passando e agora, com a articulação que estamos fazendo com o governo do Estado e com o governo federal, a casa começa a ficar em ordem.

Por exemplo, estamos fazendo este ano uma séria de serviços na Operação Inverno e é só comparar: Belém não tem mais aqueles alagamentos imensos da época do ex-prefeito.

Também conseguimos reformar mais de 60 escolas, com ar condicionado, com dignidade para professores e alunos. E muitas outras estão em obras avançadas.

Estamos trabalhando e vamos começar a virar esta situação

 

Opinião em Pauta – No segundo turno das eleições o senhor recebeu o apoio do governador Helder Barbalho, do MDB. Essas alianças são motivo de polêmica interna no seu partido, o PSol. O senhor buscará a reprodução de alianças mais amplas como essa já no primeiro turno em busca da reeleição?

 

Edmilson – Nós dialogamos com todos que querem uma Belém melhor, uma Belém mais generosa com seu povo. Uma Belém feliz, que oferece os serviços que a população merece. Foi o caso do apoio do Governador Helder, que tem sido um grande aliado. Mas eu não gostaria de falar de eleições. Isso está longe, e minha prioridade neste momento é trabalhar pelo povo de Belém para que a gente consiga vencer os enormes desafios que temos para fazer uma cidade mais bonita e melhor pra se viver.

 

Opinião em Pauta-  Como dirigente do PSol, como o senhor avalia a decisão do partido em se abster de participar como partido do governo Lula e qual sua avaliação da gestão federal nesses primeiros 60 dias?

 

Edmilson – Eu apoiei Lula desde o primeiro momento. Considero Lula um líder histórico para o Brasil. Que governa para quem mais precisa. Este governo precisa reconstruir tudo de bom que havia. Bolsonaro teve uma força de destruição muito grande – e também uma atuação muito forte na discórdia, na briga, na confusão. Este era o combustível dele. Então quando a gente vê o renascimento do Minha Casa Minha Vida, é uma alegria muito grande. O povo vai ser feliz de novo, com união e reconstrução.

 

Opinião em Pauta – As forças de esquerda sofreram muitos reveses nos últimos anos e assistiu ao fortalecimento inédito das forças de direita. O senhor vê a possibilidade de fortalecimento das forças de esquerda na perspectiva de construção de uma alternativa socialista para o País e não apenas de combate ao fascismo?

 

Edmilson – Num primeiro momento, o fundamental é vencer o fascismo. Ele está vivo. A gente não pode se enganar. Foi uma grande derrota eleitoral – mas eles conseguiram mobilizar uma parte importante da opinião pública do país. Com união, reconstrução e uma política que leve amor e felicidade às pessoas a gente pode diminuir o espaço para os que pregam o ódio como instrumento de fazer política.

Mas esta polarização também fez muita gente boa se levantar, se mover, para derrotar o fascismo. Eu sinto que primeiro a gente precisava voltar a respirar -e. a derrota do fascismo trouxe esta brisa, esta aragem de volta. Mas é imprescindível que a gente volte a sonhar, que a gente perceba a utopia como necessária para nossa vida. Eu acredito.

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