Economia cresce 0,9% no segundo trimestre e fecha semestre com alta de 3,7%

Indústria puxa crescimento, enquanto setor agropecuário inverte tendência e recua

 

A economia brasileira cresceu 0,9% na passagem do primeiro para o segundo trimestre deste ano, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em doze meses, o crescimento foi de 3,2%. Segundo o Ministério do Planejamento, o resultado superou as expectativas. O órgão citou que economistas do mercado financeiro estimavam crescimento de apenas 0,3% no trimestre.

O índice é calculado com base no Produto Interno Bruto (PIB) do país. O PIB é a soma de todas as riquezas produzidas numa economia durante um determinado período. No segundo trimestre, ela totalizou R$ 2,651 trilhões. Essa riqueza vem crescendo há oito trimestres no país. O último recuo foi registrado no segundo trimestre de 2021, ainda durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nos primeiros seis meses da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o PIB já cresceu 3,7%.

Nesse cenário, a atividade econômica do país opera 7,4% acima do patamar pré-pandemia, referente ao quarto trimestre de 2019, e atinge o ponto mais alto da série. O segundo maior patamar é o do trimestre anterior. Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, divulgado hoje (1º) pelo IBGE.

A alta do segundo trimestre é explicada pelo bom desempenho da indústria (0,9%) e dos serviços (0,6%). Como as atividades de serviços respondem por cerca de 70% da economia do país, o resultado do setor influencia ainda mais a expansão do PIB. “O que puxou esse resultado dentro do setor de serviços foram os serviços financeiros, especialmente os seguros, como os de vida, de automóveis, de patrimônio e de risco financeiro. Também se destacaram dentro dos outros serviços aqueles voltados às empresas, como os jurídicos e os de contabilidade, por exemplo”, explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. O setor de serviços está há 12 trimestres sem variações negativas e também se encontra no ponto mais alto da sua série.

As atividades industriais ficaram no campo positivo pelo segundo trimestre seguido, após a variação de -0,2% nos últimos três meses do ano passado. A expansão do segundo trimestre é relacionada aos resultados positivos das indústrias extrativas (1,8%) da construção (0,7%), da atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (0,4%) e das indústrias de transformação (0,3%).

Nas indústrias extrativas, o destaque é a extração de petróleo e gás e a de minério de ferro, produtos relacionados à exportação. A variação do segundo trimestre é a quinta seguida positiva do setor extrativo. A indústria como um todo segue acima do patamar pré-pandemia, mas não conseguiu superar o ponto mais alto da sua série histórica, alcançado no terceiro trimestre de 2013.

A agropecuária foi o único dos três grandes setores da economia a recuar no trimestre (-0,9%). A retração vem após o avanço de 21,0% no primeiro trimestre e se deve, principalmente, à base de comparação elevada. “Se olhamos o indicador interanual, vemos que a agropecuária é a atividade que mais cresce. O resultado é menor porque é comparado ao trimestre anterior, que teve um aumento expressivo. Isso aconteceu porque 60% da produção da soja é concentrada no primeiro trimestre”, analisa Rebeca. Com a diminuição do peso dessa cultura no segundo trimestre, aumenta a participação de outros produtos, como o café, que cresce menos que o principal produto agrícola do país.

No segundo trimestre de 2023, a taxa de investimento foi de 17,2% do PIB, ficando abaixo da observada no mesmo período de 2022 (18,3%). A taxa de poupança passou de 18,4% no segundo trimestre de 2022 para 16,9%. O consumo das famílias cresceu 0,9% no segundo trimestre e a despesa do governo, 0,7%. A chamada formação bruta de capital fixo – indicador sobre quanto empresas investiram em máquinas e equipamentos – ficou estável em relação ao trimestre imediatamente anterior.

“Do lado positivo, o mercado de trabalho vem melhorando constantemente, há o crescimento do crédito e várias medidas governamentais como incentivos fiscais, vide redução de preços de automóveis, e os reajustes nos programas de transferência de renda, notadamente o Bolsa Família. Por outro lado, os juros seguem altos, o que dificulta o consumo de bens duráveis, e as famílias seguem endividadas porque, apesar do programa de renegociação de dívidas, elas levam um tempo para se recuperar”, diz.

Segundo o Ministério do Planejamento, considerando os resultados do início do ano, o PIB brasileiro deve fechar o ano com crescimento de 3%, acima do que o próprio governo previa. “Se não houver elevação da atividade para os outros trimestres do segundo semestre de 2023, o PIB brasileiro irá crescer 3%, superando a atual projeção de mercado que está em 2,3%”.

O PIB acumulado nos quatro trimestres terminados em junho de 2023 cresceu 3,2% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Os setores que mais cresceram foram agropecuária (11,2%), seguida pela indústria (2,2%) e serviços (3,3%). A formação bruta de capital fixo cresceu 1,7%. O consumo das famílias e a despesa do governo tiveram aumentos de 3,9% e 1,4%, respectivamente.

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