Declaração ocorre dois dias após o primeiro confronto cara a cara com a rival, o qual alegou ter sido ‘manipulado’ pela rede de televisão ABC News
O ex-presidente americano e candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, descartou a possibilidade de participar de outro debate com a democrata Kamala Harris, dois dias após ter apresentado uma performance irregular em seu primeiro confronto da temporada eleitoral. “NÃO HAVERÁ TERCEIRO DEBATE!”, postou Trump em sua plataforma de mídia social Truth Social na tarde desta quinta-feira (12).
Trump insistiu que venceu o único confronto com Harris e que não precisava debater novamente. Ele alegou ter sido “manipulado” pela ABC News, rede de televisão responsável pelo debate. A campanha de Harris desafiou imediatamente Trump a um segundo confronto televisionado após o debate de terça-feira (10). Minutos depois, a democrata, em comício em Charlotte, Carolina do Norte, disse à plateia que ela e o adversário “devem isso aos eleitores”.
O republicano já havia sinalizado que não haveria outra oportunidade do tipo, pouco após o debate com a vice-presidente chegar ao fim. “Foi um acordo manipulado, como eu presumi que seria. Você vê pelo fato de que corrigiam tudo [que eu dizia], mas não a corrigiam”, declarou Trump ao canal Fox News na madrugada de terça-feira, acrescentando posteriormente: “Não sei se quero fazer outro debate.”
O debate foi amplamente apontado como um momento favorável a Kamala por analistas de política americana ao redor do mundo, além de render à campanha US$ 47 milhões (R$ 264 milhões) em doações nas primeiras 24 horas seguintes ao encontro — o maior montante em um dia desde a explosão inicial de doações quando ela substituiu o presidente Joe Biden no topo da chapa democrata em julho.
Um ponto comum da maioria das análises é de que a democrata conseguiu manter Trump na defensiva, ocupando-o com temas desconfortáveis, sem capacidade de se lançar para a ofensiva. Embora o impacto direto na votação seja incerto, pesquisas realizadas ao fim da transmissão indicam que o público americano também viu vantagem democrata: uma pesquisa-relâmpago realizada pela CNN com 600 eleitores apontou que 63% avaliaram que Kamala teve um desempenho melhor no embate com Trump (visto como vencedor por 37%).
Um outro levantamento, realizado pelo instituto Trafalgar, deu vantagem a Kamala de 55,3% contra 42,5% de Trump (42,5%) — 2,2% viram empate. A pesquisa foi feita com 2,2 mil potenciais eleitores dos sete estados-pêndulo (que, por não votarem tradicionalmente por um partido, são cruciais na votação de novembro). Um grupo focal organizado pelo Washington Post com eleitores de estados-pêndulo também produziu resultados semelhantes: dos 25 participantes, 23 consideraram que Kamala venceu.
Antes do debate, dez pensavam em votar em Trump — número que caiu para seis. Logo após o debate, que atraiu 67,1 milhões de espectadores, Kamala recebeu o apoio da mega popstar Taylor Swift, cuja postagem de endosso enviou mais de 400 mil usuários para um site de informações para eleitores em apenas 24 horas.
Em pesquisa divulgada nesta quinta-feira, pela agência Reuters em parceria com o instituto Ipsos, Kamala aparece com 47% das intenções de voto nacionais, cinco pontos percentuais a mais do que Trump, com 42%. Em comparação com a pesquisa anterior, a vantagem da democrata aumentou um ponto percentual.
As pesquisas nacionais servem como um termômetro do eleitorado sobre a votação, mas não necessariamente aponta quem é o favorito para vencer. Com um sistema de colégio eleitoral, onde as votações ocorrem de forma separada nos estados, e onde cada uma das unidades da federação tem um número de delegados que, de fato, escolherão o presidente, é necessário olhar para cada corrida separadamente.
(Foto: Reprodução/AFP)