Na reunião marcada para o dia 29 de junho, o Conselho Monetário Nacional (CMN) pode decidir oficializar mudança no prazo da meta da inflação.
O chamado mercado já está avaliando positivamente a possibilidade.
Há meses, membros do governo federal vêm defendendo a alteração do modelo. Atualmente a autoridade monetária persegue a meta de inflação com base em uma referência anual.
A ideia é de que o prazo para cumprimento da cifra seja contínuo ou mesmo mire um horizonte mais distante.
A Fazenda argumenta em prol da alteração. Segundo a pasta, em caso de “choques exógenos”, uma meta contínua permitiria ao BC “utilizar instrumentos disponíveis dentro do horizonte relevante para direcionar as expectativas de forma suavizada”.
“Em recente avaliação da política econômica brasileira, o corpo técnico do FMI [Fundo Monetário Internacional] indica a superioridade de um arranjo com metas não vinculadas ao ano calendário e que tenham sua consecução no horizonte relevante da política monetária”, indica uma nota divulgada pelo MF.
Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do BC e sócio da Mauá Capital, afirma que a discussão sobre a meta vem sendo proposta de “maneira correta” no debate público, já que visa o “aspecto técnico” do instrumento.
“É boa a ideia de evoluir esse sistema. Visto que é um modelo de mais de 20 anos, é natural que você estude como evolui-lo. Faz sentido ter uma meta de longo prazo, justamente pelo horizonte da política monetária. Muitos BCs ao redor do mundo já fizeram isso.”
Economista-sênior da LCA Consultores, Thais Zara afirma que já há expectativa no mercado pela mudança de modelo. Segundo a especialista, diferentemente de possíveis elevações na cifra da meta, a alteração no prazo se aproxima de um “consenso”.
O CMN é formado por três membros: os ministros da Fazenda e do Planejamento, Fernando Haddad e Simone Tebet, respectivamente, e pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Previsão de inflação em baixa
Dados do Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (5/6) pelo Banco Central, apontam revisão seguida de baixa da estimativa de inflação para 2023.
Economistas do mercado financeiro reduziram novamente as estimativas para a inflação deste ano, passando de 5,71% para 5,69%.
Já a previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) subiu de 1,26% para 1,68%.
Para 2024, a previsão do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, caiu de 4,13% para 4,12%. As estimativas para 2025 e 2026 também continuaram no mesmo patamar, de 4,0%. (Foto: Montagem/Reprodução)