Dividida e enfraquecida, ONU aprova Pacto para o Futuro

Henrique Acker (correspondente internacional) – Apesar da preocupação em passar uma mensagem de paz e união ao mundo, não é o que se pode concluir dos pronunciamentos de alguns dos principais chefes de Estado na 79ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nos dias 24 e 25 de setembro.

No domingo, 22 de setembro, foi aprovado o Pacto para o Futuro, projeto que visa unir as nações para enfrentarem os desafios do século XXI, com destaque para as alterações climáticas, inteligência artificial e a escalada de conflitos. O secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, diz que os documentos aprovados “resgatam o multilateralismo do abismo”.

 

Biden falou de diplomacia, mas atacou Hamas e Rússia

Em seu último discurso na Assembleia Geral da ONU como Presidente, Joe Biden quis passar o recado de que os EUA estão empenhados na pacificação dos conflitos na Europa e no Oriente Médio. “Uma guerra em grande escala não é do interesse de ninguém”. Biden disse acreditar que “ainda é possível encontrar uma solução diplomática”.

No entanto, em momento algum citou a necessidade de um Estado Palestino ou fez qualquer crítica ao governo de Israel. Do mesmo jeito, tornou a condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia, ressaltou o fortalecimento da OTAN e prometeu prosseguir com o apoio à Ucrânia “até à vitória”.

Em tom professoral, Joe Biden lançou a surrada frase: “Estamos aqui para servir o povo, não o inverso”. Concluiu seu discurso dizendo ter esperança e advertiu que os líderes mundiais não podem se dar ao luxo de “reagir com desespero”.

 

O presidente dos EUA, Joe Biden (no pódio e nas telas) fala durante o Debate Geral da 79ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas na sede da ONU em Nova York (Foto: ONU/ Eskinder Debebe)

 

Irã quer resposta a Israel e fim das sanções econômicas

“O terrorismo de Estado de Israel no Líbano não pode ficar sem resposta”, advertiu o presidente do Irã, Masoud Pezeshkian. Em seu discurso Pezeshkian acusou Israel de cometer genocídio em Gaza e de apoiar grupos terroristas como o ISIS.

“O mundo testemunhou como o regime (de Israel) realiza atrocidades em Gaza e como, em onze meses, assassinou a sangue-frio mais de 41.000 pessoas inocentes, a maioria mulheres e crianças”, disse o presidente iraniano.

Ele pediu um cessar-fogo em Gaza e “o fim da barbárie desesperada de Israel no Líbano, antes que ela engula a região e o mundo”. Pezeshkian disse que seu governo está disposto a retomar os compromissos do acordo nuclear com a União Europeia e os EUA, desde que as sanções econômicas impostas ao seu país sejam suspensas.

 

Petro responsabiliza oligarquia global por crise climática e guerras

Já o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, centrou seu discurso na crítica às nações com maior poderio econômico e militar. Petro chamou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de “criminoso” pelo que definiu como “genocídio em Gaza”.

“Netanyahu é um herói para o 1% mais rico da humanidade, porque é capaz de mostrar que os povos se destroem sob bombas”, insistiu Petro, cujo governo rompeu relações diplomáticas com Israel em maio deste ano.

“Os presidentes dos países que podem destruir a humanidade não nos ouvem (…), eles riem nestes corredores, com a ajuda da mídia mundial (…), o poder da destruição da vida é o que realmente se ouve dentro das Nações Unidas”, enfatizou o presidente colombiano.

“A oligarquia global leva a humanidade à sua própria extinção, e a política rende homenagens a essa oligarquia, abandonando por completo a ideia da liberdade e do poder dos povos, a ideia da democracia”.

 

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, na Assembleia Geral da ONU (Foto: Timothy A. Clary/AFP)

 

Zelensky defendeu seu plano de paz para a Ucrânia

“Nobel da paz para quem fizer Putin parar com essa guerra”. Foi com essa frase de efeito que Volodomyr Zelensky, presidente da Ucrânia, definiu o impasse entre seu governo e o do presidente russo, Vladimir Puttin, em discurso na Assembleia-Geral da ONU.

Zelensky apresentou um esboço do plano para a paz na Ucrânia. “Este plano tem um conjunto de princípios. Devemos restaurar a segurança nuclear do país, assegurar o funcionamento da nossa energia, a segurança alimentar, salvar os nossos soldados e civis dos russos, e manter a soberania do nosso território, como prevê a Carta da ONU”. Segundo ele, esse projeto já existe há dois anos.

“O único caminho real para a paz é impedir que Putin pare a sua guerra e impedir mais desastres. Devemos retirar os ocupantes russos e responsabilizar aqueles que causaram esta guerra”, defendeu Zelensky.

O presidente ucraniano criticou os seis pontos da China e do Brasil para o diálogo de paz entre os dois países. Segundo ele, mais de 100 países apoiaram o plano ucraniano. “Convidamos todos que queiram participar deste projeto, não há vetos e nem bloqueios. É isso que a Rússia não quer e odeia. Por isso a Rússia tenta atacar essa fórmula de paz.”

Zelensky afirmou que todos os líderes com quem conversou na Assembleia da ONU têm a compreensão de que a paz é necessária e que deve ser uma paz justa. “Infelizmente essa paz esbarra no Conselho de Segurança da ONU, onde impera o poder de veto do agressor”, concluiu.

 

Guterres apelou ao cessar-fogo em Gaza e vê Líbano a beira do abismo

Antônio Guterres fez mais um discurso de advertência aos chefes de Estado. “A velocidade e a escala da matança e da destruição em Gaza não têm comparação com nada nos meus anos como secretário-geral. Mais de 200 dos nossos funcionários foram mortos”, lembrou.

Guterres reforçou os apelos de cessar-fogo no Oriente Médio e a necessidade urgente de um acordo que permita a libertação dos reféns. “A comunidade internacional deve mobilizar-se para um cessar-fogo imediato, a libertação imediata e incondicional dos reféns e o início de qualquer processo reversível para uma solução de dois Estados”.

Antônio Guterres criticou o que apelidou de “era da impunidade” em várias zonas do globo. “O Líbano está à beira do abismo. O povo libanês, o povo israelita e os povos do mundo não podem permitir que o Líbano se transforme noutra Gaza”, afirmou o secretário-geral.

 

Lula em discurso na abertura da 79ª Assembleia Geral da ONU (Foto: Brendan McDermid/Reuters)

 

Lula propõe mudanças na ONU

O presidente do Brasil centrou seu discurso na busca de uma nova estrutura de funcionamento da Organização das Nações Unidas. Lula disse que não é mais aceitável firmarmos “compromissos possíveis com resultados insuficientes”, ao criticar acordos que visam combater alterações climáticas, mas não saem do papel.

O presidente brasileiro advertiu aos chefes de Estado sobre o avanço dos riscos das alterações climáticas para a humanidade, da fome e da concentração de riqueza no mundo, defendendo a regulamentação do uso da Inteligência Artificial. Lula anunciou o lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, em novembro deste ano, no Rio de Janeiro.

“Precisamos ir muito além para dotar a ONU de condições para enfrentar o panorama internacional”, afirmou o presidente brasileiro, propondo uma reforma do Conselho de Segurança que inclua representantes da América Latina e da África.

Lula defendeu a proposta de seis pontos, apresentada pelo Brasil e a China, para colocar fim à guerra da Ucrânia. E reafirmou a solução de dois estados — Palestina e Israel —, como um passo para acabar com os conflitos em Gaza e no Oriente Médio. (Foto principal: ONU/Reprodução)

 

Por Henrique Acker (correspondente internacional)

 

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Fontes:

Pacto para o Futuro da ONU

Objetivos da 79 Assembleia Geral da ONU (10 a 30 de setembro/24)

Pronunciamento de Joe Biden

Fala do presidente do Irã

Discurso de Gustavo Petro (Colômbia)

Carta Capital

Operamundi

Discurso de Volodomyr Zelensky

Discurso de Antonio Guterres (ONU)

Lula abre 79ª Assembleia Geral da ONU (24/9/24)

(*) “Não deixar ninguém para trás: Agindo juntos para o avanço da paz, do desenvolvimento sustentável e da dignidade humana para as gerações presentes e futuras”, é o tema da 79ª Assembleia Geral da ONU, que se encerra na segunda-feira, 30 de setembro.

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Resumo do discurso de A. Guterres na 79ª Assembleia Geral da ONU

ONU News

Euronews

A Assembleia Geral da ONU adotou neste domingo o Pacto para o Futuro e seus anexos, o Pacto Digital Global e a Declaração sobre Futuras Gerações. António Guterres diz que os documentos “resgatam o multilateralismo do abismo

Guterres: “Gaza é um pesadelo sem fim que ameaça tomar toda a região”

No discurso de abertura do evento, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, criticou aquilo que apelidou de “era da impunidade” em várias zonas do globo.

António Guterres classificou a situação em Gaza como “um pesadelo sem fim que ameaça levar consigo toda a região”, com o português a dizer que que a escalada de ataques aéreos na fronteira entre Israel e o Líbano colocou o Líbano “à beira do abismo”.

“Entretanto, Gaza é um pesadelo sem fim que ameaça tomar toda a região. Basta olhar para o Líbano. Todos nós deveríamos estar alarmados com a escalada. O Líbano está à beira do abismo. O povo libanês, o povo israelita e os povos do mundo não podem permitir que o Líbano se transforme noutra Gaza”, afirmou o secretário-geral.

António Guterres, discursa na 79.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas na sede da ONU

António Guterres, discursa na 79.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas na sede da ONUSeth Wenig/Copyright 2024 The AP. All rights reserved.

António Guterres disse ainda que “nada pode justificar os atos de terror cometidos a 7 de outubro”, como a tomada de reféns israelitas pelo Hamas. Ainda assim, condenou a dimensão da resposta israelita, num exercício de proporcionalidade que segundo António Guterres “não tem comperação”.

“A velocidade e a escala da matança e da destruição em Gaza não têm comparação com nada nos meus anos como Secretário-Geral. Mais de 200 dos nossos funcionários foram mortos, muitos deles com as suas famílias. E, no entanto, as mulheres e os homens das Nações Unidas continuam a prestar ajuda humanitária” afirmou.

Guterres reforçou os apelos de cessar-fogo na região e a necessidade urgente de um acordo que permita a libertação dos reféns. “A comunidade internacional deve mobilizar-se para um cessar-fogo imediato. A libertação imediata e incondicional dos reféns e o início de qualquer processo reversível para uma solução de dois Estados”.

Euronews

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Presidente do Irã

The Times of Israel

Brasil247

Público

 

Discurso de Gustavo Petro (Colombia)

Carta Capital

Operamundi

 

Discurso de Lula

Lula abre 79ª Assembleia Geral da ONU (24/9/24)

Agência Gov

. Destaque pra a presença da delegação palestina

. Adotamos o Pacto para o Futuro (com aprovaçáo difícl)

. Compromissos possíveis com resultados insuficientes

. Precisamos ir muito além para dotar a ONU a enfrentar o panorama internacional

. 2023 maio número de conflitos desde a 2 guerra

. 2.440 trilhões dólare me gastos militares

. Combater a fome e a mudança do clima

. Uso de força sem amparo no dirito internacional

. Ucrânia e Palestina

. Criar condições para o diálogo é a mensagem do momento

. Proposta de seis pontos da China e Brasil

. O direito de defesa transofmrou-se no direito de vingança

. Conflitos no Sudão e Yemen

. 300 milhões precisam de ajuda humanitária no mundo

. O Planeta já não espera e a próxima geração estácansada de acordos que nunca são cumpridos.

. 2024 caiinha para ser o ano mais quente da historia moderna

. Incêndiso florestais devastaram  5 milhões de hectares desde agosto

. Não transigiremos com o garimpo ilegal e o dsmatamento ilegal

. Não é mais poss+ivel cuidar das florestas tropicias sem ouvir os povos originários

. Multilateralismo é o único caminho para enfrentar a questão climática

. 90% da kssa eletricidade vem de soluções

. È hora de descarbonizar o Planeta e trabalahr

. Desde 2014 na AL 0,9% crescimento médio, que resulta em efeits nefastsos sobre a paisagem política

. É injustificavel manter Cuba sob medidas restritivas unilaterais , penalizando os povos

. A democracia prescisa responder à fome, o desemprego e a violência

. Experiências ultraliberais apenas agravam um continente depauperável.

Estado susrentável, inclusivo e eficiente

. A liberdade é a primeira v+itima de um mundo sem regras, inclusindo oambiente digital

. Avana a concentração sem precedentes de pessoas e empresas da AI

. Proteger dados pesssoais e respeite os direitos humanos

. Que seja feramenta para a paz e não para a guerra

. Governança para a AI internacional

. O fardo da dívida pesa

. Os mais pobres financiam os mais ricos (Plano Marshall às avessas)

. As 150 maiores empresas do mundo as tieveral juntos 180

. O ssupericos pagam muito menos impostos que a classe trabalhadora

. Dados da FAO a dois meses – núero de pessoas passando fome aumento em 152 milhões desde 2019 (aumentou em 9%).

. A fome decorre de escolhas políticas. O que falta é criar condições de acesso aos alimentos.

. Vamos lançar a Aliança Global contra a fome e a pobreza (novembro no RJ)

. A carta da ONU nunca passou por uma reforma abrnagente, só 4 emendas.

. Na fundaç´~ao da ONU eram 51 hoje 193 países

. A ONU acada vez mais esvaziadas e paralisadas

. Restituir as siaprerrogativas. Não bastam ajustes pontuais.

. Conselho Econômico e Social no principal fórum de inspiração das inst. financeiras

. Reforma do Conselho de Segurança, de modo a torná-ma mais repreentiva da realidade atual. Representação da AL e África é urgente

. Não podemos esperar uma nova tragédia (II Guerra) para agir

. Recai sobre a Ass Geral a missão de pavimentar o caminho para o futuro

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Joe Biden

Biden adverte para “guerra em grande escala” no Líbano (DW)

O Presidente dos EUA, Joe Biden, apelou a uma solução diplomática numa altura em que Israel efetua ataques aéreos no Líbano. “Uma guerra em grande escala não é do interesse de ninguém. Embora a situação se tenha agravado, ainda é possível encontrar uma solução diplomática”, afirmou Biden na Assembleia Geral da ONU.

RTP

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CNN Portugal

The Times of Israel

 

“Estamos a destruir o mundo” com guerras (Papa Francisco)

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Importante

Rebelíon

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