Ministro da Justiça também classificou a ideia como “absurda” e chamou os interessados no assunto de “extrema-direita”
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que criar distinções entre brasileiros é proibido na Constituição Federal e que aquele que optar por esse caminho é “traidor da Pátria”, usando como referência uma citação do ex-deputado e um dos maiores opositores da ditadura militar, Ulysses Guimarães. A declaração do ministro no domingo (6) fez referência ao anúncio pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), em entrevista ao Estadão, de criar uma frente para “protagonismo” das regiões Sul e Sudeste, colocando de lado os gestores estaduais das outras regiões do País.
“É absurdo que a extrema-direita esteja fomentando divisões regionais. Precisamos do Brasil unido e forte. Está na Constituição, no art 19, que é proibido ‘criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si’. Traidor da Constituição é traidor da Pátria, disse Ulysses Guimarães”, afirmou Flávio Dino em suas redes sociais.
Zema argumentou que o bloco Cossud (Consórcio Sul-Sudeste), atualmente presidido por Ratinho Junior, governador do Paraná pelo PSD, deveria buscar um papel de destaque e agir conjuntamente para defender os interesses dessas regiões no Congresso Nacional, especialmente em resposta às preocupações econômicas dos Estados do Norte e Nordeste. O grupo também pensa, segundo o governador de Minas, em um possível lançamento de um candidato de direita à Presidência nas eleições de 2026.
“Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso. Eles queriam colocar um conselho federativo com um voto por Estado. Nós falamos, não senhor. Nós queremos proporcional à população. Por que sete Estados em 27, iríamos aprovar o quê? Nada. O Norte e Nordeste é que mandariam. Aí, nós falamos que não. Pode ter o conselho, mas proporcional. Se temos 56% da população, nós queremos ter peso equivalente”, afirmou o governador de Minas Gerais.
As palavras de Zema geraram controvérsias e foram amplamente criticadas, com muitos políticos acusando-o de promover divisões separatistas. Em resposta às críticas, Zema enfatizou que sua intenção não é diminuir outras regiões, mas sim unir esforços para fortalecer o país. Ele defendeu que o diálogo e a colaboração são essenciais para criar mais oportunidades para o Brasil e que a verdadeira força do país reside no trabalho conjunto e na união.
“A união do Sul e Sudeste jamais será pra diminuir outras regiões. Não é ser contra ninguém, e sim a favor de somar esforços. Diálogo e gestão são fundamentais pro país ter mais oportunidades. A distorção dos fatos provoca divisão, mas a força do Brasil tá no trabalho em união”, disse Zema nas redes sociais.
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