O delator afirmou que Maxwell Corrêa, ex-bombeiro que atuava na vigilância e no acompanhamento da vereadora, fez campanas para descobrir a rotina de Marielle e participou do acobertamento dos autores do crime
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou nesta segunda-feira (24) que a delação premiada do ex-policial militar Élcio Queiroz trouxe novos elementos para a investigação do Caso Marielle Franco e fundamentou a operação realizada pela Polícia Federal na manhã desta segunda-feira. O depoimento resultou na prisão de Maxwell Corrêa, ex-bombeiro que atuava na vigilância e no acompanhamento da vereadora.
Ainda de acordo com o ministro, não há dúvidas de que outras pessoas estão envolvidas nos assassinatos de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, cujos mandantes ainda não foram descobertos. “Sem dúvida, há a participação de outras pessoas, isso é indiscutível. As investigações mostram a participação das milícias e do crime organizado do Rio de Janeiro no crime. Não há crime perfeito. Outras novidades com certeza ocorrerão nas próximas semanas”, avaliou Dino, em coletiva de imprensa.
O ministro reforçou que a delação de Élcio Queiroz corroborou provas já colhidas na investigação, como o fato de que os disparos foram feitos por Ronnie Lessa, e forneceram elementos que abrem novas frentes para a investigação, iniciada há cinco anos. “Élcio Queiroz confirmou em delação premiada a participação dele próprio, do Ronnie Lessa e do Maxwell. Temos o fechamento desta fase, com a confirmação de tudo que aconteceu no crime. Há elementos para um novo patamar da investigação, que é descobrir os mandantes. As provas colhidas pela Polícia Federal concluíram de maneira inequívoca da participação do Ronie Lessa, do Élcio de Queiroz e também do Suel no crime”, disse.
Segundo o ministro, Élcio Queiroz confessou que dirigiu o carro usado no ataque a Marielle Franco e ao motorista Anderson Gomes e confirmou que Ronnie Lessa fez os disparos. O delator afirmou ainda que Maxwell fez campanas para descobrir a rotina de Marielle Franco e participou do acobertamento dos autores do crime. “Nessa delação, Élcio Queiroz confirmou a participação dele próprio, do Roni Lessa, e trouxe elementos sobre a atuação do Maxwell. Com isso nós temos sobre a ótica da polícia federal e das demais organizações a conclusão de uma fase da investigação com a confirmação de tudo que aconteceu na execução do crime, certos aspectos e certos detalhes da investigação sobre os quais pairavam dúvidas, a partir da delação”, explicou o ministro.
O ministro acrescentou que os depoimentos oferecem o caminho para a descoberta de “outras participações”. “Aponta a dinâmica do crime, do início até o desfecho, com itinerário, roteiros. Síntese do dia é que delação premiada do Élcio permite informações que conduzam a esclarecimento de toda a dinâmica do crime e evidentemente de outras participações”, ponderou. De acordo com Dino, a delação premiada de Elcio Queiroz foi realizada há cerca de 15 dias e homologada pela Justiça. O colaborador, segundo o ministro da Justiça, apontou a participação de Suel também no assassinato da vereadora e de seu motorista.
Dino afirmou que, nas próximas semanas, devem ocorrer outras operações contra alvos apontados nas investigações como mandantes do crime. “Não há de forma alguma a afirmação de que a investigação se acha concluída, pelo contrário. O que acontece é que há um avanço, uma espécie de mudança de patamar da investigação, que se conclui em relação ao patamar da execução, e há elementos para um novo patamar, qual seja a identificação dos mandantes do crime”, destacou.
De acordo com o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal, o ex-sargento do Corpo de Bombeiros Maxwell Simões Correa, o Suel, participou antes, durante e depois do crime: além de suporte logístico, ele realizou monitoramentos e ainda destruiu uma das provas do homicídio — o carro que foi utilizado também para transporte de armas.
O alvo da prisão realizada pela Polícia Federal nesta segunda-feira foi o ex-sargento do Corpo de Bombeiros Maxwell Simões Correa, o Suel, já havia sido detido anteriormente, em 2020. Ele é apontado como cúmplice do ex-sargento da Polícia Militar Ronnie Lessa, acusado de executar as vítimas. Suel, de acordo com as investigações, ajudou no descarte de armas escondidas por Lessa e também no planejamento do crime.
(Foto: Reprodução/TV)