Empréstimo havia sido solicitado no primeiro semestre pelo presidente Lula e foi contemplado nesta quinta-feira
O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), chefiado pela ex-presidente Dilma Roussef, assinou, na quinta-feira (12), um acordo para emprestar US$ 1 bilhão (algo em torno de R$ 5 bilhões na cotação atual) ao Brasil. A instituição financeira é conhecida como Banco do Brics — bloco econômico fundado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O contrato foi celebrado por Dilma e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird) em Marrakech, no Marrocos — o evento segue até esta sexta-feira (13).
A verba fará parte do Programa Emergencial de Acesso a Crédito (FGI), criado em 2020 para minimizar impactos da crise da COVID-19 em pequenos e médios negócios. Em 2022, foi permitida a contratação de novos créditos para o programa até o final de dezembro de 2023. O crédito já havia sido previamente autorizado pelo Senado Federal em abril deste ano, depois do projeto de resolução com o pedido ter sido apresentado pela Presidência. O prazo para pagamento do empréstimo do NDB é de 30 anos, com juros de 1,64% ao ano. Também foi aprovado um empréstimo de R$ 435 milhões para a prefeitura de Aracaju.
O Brasil é o país-sócio que menos acessou os recursos da instituição financeira. Em 2020, Rússia, Índia, China e África do Sul sacaram US$ 1 bilhão cada para enfrentar a pandemia, mas o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro recusou o repasse. O Brasil já recebeu US$ 6 bilhões nos últimos anos, entre projetos federais e locais. O valor mais alto, de US$ 1,2 bilhão é voltado ao financiamento de infraestrutura sustentável por meio do BNDES.
A presença da Haddad no encontro anual do FMI e do Bird serve, também, para reforçar a pauta internacional brasileira — como inclusão social e combate à fome, transição energética e desenvolvimento sustentável, e reformulação de instituições de governança global. Isso porque, por presidir o G20, o país será o anfitrião do próximo encontro das duas instituições multilaterais. Segundo o Ministério da Fazenda, Haddad quer aproveitar a liderança temporária do Brasil no grupo das 20 maiores economias do planeta para introduzir temas caros ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A cada três anos, o FMI e o Bird organizam reuniões fora dos Estados Unidos. O encontro no Marrocos, originalmente previsto para 2021, foi adiado por causa da pandemia. O governo do país africano decidiu manter a reunião deste ano, apesar do terremoto que destruiu os arredores de Marrakech há um mês.
(Foto: Diogo Zacarias/MF)