Evento promovido pelo governo Lula, em Belém, começa nesta sexta-feira (4) e deve reunir cerca de 10 mil pessoas com objetivo de ouvir a voz de quem vive na região
Começa nesta sexta-feira (4) e segue até domingo (6), em Belém, no Pará, o evento “Diálogos Amazônicos”, parte da Cúpula da Amazônia que reunirá chefes de Estado dos países da região entre os dias 8 e 9 próximos. Nestes dias a capital paraense será o epicentro dos debates de estratégias para o desenvolvimento das potencialidades e do enfrentamento dos desafios da região amazônica, a maior floresta tropical do planeta, com participação de representantes da sociedade civil organizada, dos movimentos sociais, da academia, dos centros de pesquisa e das agências governamentais do Brasil e de outros países amazônicos.
O resultado desses debates será apresentado na forma de propostas aos chefes de Estado durante a reunião da Cúpula da Amazônia. Também participarão do encontro os presidentes membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), como Brasil, Bolívia Colômbia, Guiana, Peru, e Venezuela. Por questões internas, Equador e Suriname não confirmaram a presença de seus presidentes, mas enviarão representantes oficiais.
O evento é uma iniciativa coordenada pela Secretaria-Geral da Presidência da República em parceria com o Ministério das Relações Exteriores, com o apoio do Governo do Estado do Pará e da Prefeitura de Belém. Ao longo de três dias, mais de 10 mil pessoas são esperadas para participar das atividades que ocorrerão no Hangar Centro de Convenções e Feiras. De acordo com o senador Beto Faro (PT-PA), esse debate que envolve a sociedade civil, é central na busca de soluções para a crise ambiental que atinge a Amazônia como um todo. “Como diria o poeta Mia Couto, a floresta é um livro vivo e cada diálogo é uma página que escrevemos juntos”, declarou.
Com o tema “Amazônia Presente e Futuro”, o evento movimenta a capital Belém onde a Prefeitura organizou ampla programação cultural para receber os participantes. Busca realizar uma espécie de jornada rumo à sustentabilidade para garantir o futuro da maior floresta tropical do mundo e os povos que nela vivem. Eles representam cerca de 8% da população da América do Sul, entre cidades, comunidades ribeirinhas e aldeias indígenas. Há pelo menos 100 tribos com as quais se tem pouco ou nenhum contato.
Entre os participantes estão nomes como a ativista Sonia Guajajara, Deputada Federal e ministra dos povos originários. As atividades estão divididas entre cinco plenárias organizadas pelo Governo Federal. Em cada plenária, serão gerados relatórios a serem apresentados durante a Cúpula da Amazônica. A OTCA contribuirá com o debate sobre povos indígenas ao realizar, no dia 5 de agosto, a Mesa Temática “Modelos de Cooperação e Perspectivas para a Proteção dos Povos Indígenas em Isolamento e Contato Inicial (PIACI) na Região Amazônica”. No outro dia, as contribuições serão entregues à Plenária V dos Diálogos intitulada “Os povos indígenas da Amazônia: um novo projeto inclusivo para a região”.
O comitê que coordena a organização do evento é formado por seis instituições socioambientais na Amazônia: Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Fundação Amazônia Sustentável (FAS)/Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (SDSN Amazônia), Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (FBOMS) e o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA).
A expectativa é de que, tanto Diálogos Amazônicos como a Cúpula da Amazônia, representem uma voz inclusiva a ser escutada por todos os outros países do mundo. “O resultado, a partir da Cúpula, fortalecerá a dimensão regional, na narrativa de chefes de Estado, para outros eventos, como a COP 28 nos Emirados Árabes – entre 30 de novembro e 12 de dezembro – e para as reuniões do G20 (grupo que reúne as principais economias do mundo)”, disse o diretor Executivo da OTCA, Carlos Alfredo Lazary.
Para Márcio Macêdo, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, o evento “Diálogos Amazônicos” será um processo extremamente rico de debate. “São os movimentos sociais de todos os países amazônicos, mais o Brasil, colocando seu olhar sobre os problemas, sobre as potencialidades e sobre as possibilidades da floresta amazônica. E nesse processo de interação com a cúpula dos países. Então, o que será feito nos diálogos, ele será apresentado na Cúpula para os chefes de Estado. Eu acho que temas como a mudança do clima, como os povos indígenas da Amazônia e uma necessidade de um projeto de inclusão para a região, esse processo de debate acerca da agroecologia e dos trabalhadores que sobrevivem da floresta, a necessidade do combate ao garimpo ilegal. Eu acho que esses temas são temas que têm necessidade de serem debatidos e que com certeza ganharão protagonismo nesse processo.” explicou Márcio Macêdo, ministro da Secretaria-Geral da Presidência.
Segundo o senador Beto Faro, que estará entre os presentes, os países amazônicos, estão cientes da necessidade de mostrar que conseguem trabalhar de forma conjunta para a apresentação de propostas que, posteriormente, a partir dos projetos bem construídos, poderão despertar interesse internacional e os investimentos necessários para os desafios que estão postos.
Confira o tema dos “Diálogos Amazônicos”
Plenária 1 – Sexta (4), das 16h às 19h
Tema: “Participação e a proteção dos territórios, dos ativistas, da sociedade civil e dos povos das florestas e das águas no desenvolvimento sustentável da Amazônia. Erradicação do trabalho escravo no território”.
Participarão membros da sociedade civil e governos do Brasil – incluindo o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida –, além de Peru, Colômbia, Equador, Suriname e Bolívia.
Plenária 2 – Sábado (5), das 9h às 12h
Tema: “Saúde, soberania e segurança alimentar e nutricional na região amazônica: ações emergenciais e políticas estruturantes”.
Participarão membros da sociedade civil e governos do Brasil – incluindo os ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira –, além de Colômbia e Peru.
Plenária 3 – Sábado (5), das 17h às 20h
Tema: “Como pensar a Amazônia para o futuro a partir da ciência, tecnologia, inovação e pesquisa acadêmica, e transição energética”.
Participarão membros da sociedade civil e governos do Brasil – incluindo a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos –, além de Colômbia, Equador e Bolívia.
Plenária 4 – Domingo (6), das 9h às 12h
Tema: “Mudança do clima, agroecologia e as sociobioeconomias da Amazônia: manejo sustentável e os novos modelos de produção para o desenvolvimento regional”.
Participarão membros da sociedade civil e governos do Brasil – incluindo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva –, além de Peru e Colômbia.
Plenária 5 – Domingo (6), das 17h às 20h
Tema: “Os povos indígenas das Amazônias: um novo projeto inclusivo para a região”.
Participarão membros da sociedade civil e governos do Brasil – incluindo a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara –, Equador, Suriname, Guiana Francesa e Venezuela.
Outros debates
Além das plenárias principais, serão organizadas três plenárias transversais, com foco em “debater as situações de públicos específicos, como as mulheres, os jovens e os negros na região amazônica”, além de mais de 400 atividades auto-organizadas por movimentos sociais, entidades e outros.
O evento vai acontecer no Hangar Centro de Convenções, em Belém, no Pará – mesmo lugar da Cúpula da Amazônia, que deve receber quase uma dezena de chefes de Estado ou de governo, principalmente da América do Sul. Autoridades da Europa, da África, da Ásia e do Caribe também vão estar presentes.
(Foto: Agência Brasil/Arquivo)